Médico paquistanês não sabia que ajudava a matar Osama
Shakil Afridi diz ter sido sequestrado e torturado por inteligência do Paquistão
O médico paquistanês que ajudou os Estados Unidos a encontrar Osama bin Laden disse que ele não sabia de seu papel na morte do ex-líder da Al Qaeda. Em entrevista à rede de TV Fox News, divulgada nesta terça, Shakil Afridi diz ter sido sequestrado e torturado pela inteligência paquistanesa após a operação de 2 de maio.
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Afridi, que usou uma campanha falsa de vacinação de hepatite B para obter o DNA da família de bin Laden, foi condenado a 33 anos de prisão por ajudar um grupo militante, mas é de conhecimento geral que ele está sendo punido por ajudar a Agência Central de Inteligência americana (CIA). Segundo ele, a inteligência paquistanesa (ISI) considera a CIA o seu “pior inimigo”.
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Diretamente da prisão de Peshawar, o médico paquistanês disse à Fox News que não sabia que o alvo da CIA com a campanha era bin Laden. “Eu sabia que alguns terroristas estavam morando no complexo residencial, mas eu não sabia quem. Fiquei chocado, eu não acreditava que eu estava envolvido com a morte dele”, afirmou.
Vingança – Segundo ele, após a operação, a CIA o aconselhou a fugir para o Afeganistão. Porém, ele estava com medo de cruzar a fronteira instável entre os dois países e não achou que seria necessário porque ele não se considerava envolvido na morte de Osama.
Ele foi pego em 22 de maio do ano passado, 20 dias após a operação, e passou oito meses amordaçado e amarrado no porão dos prédios da ISI em Islamabad, capital paquistanesa. Ele disse ter sido torturado com queimaduras de cigarro e choques elétricos. “Eles disseram: ‘Os americanos são nossos piores inimigos, ainda piores que os indianos'”, afirmou Afridi.
As já tensas relações entre Paquistão e EUA amargaram após a morte de Osama. Enquanto Islamabad considera a operação uma “afronta à sua soberania”, os EUA acreditam que o governo paquistanês ajudou bin Laden a se manter escondido por tantos anos na cidade militarizada que é Abbottabad.
Autenticidade – No entanto, é preciso considerar que o advogado de Afridi, Samiullah Afridi, disse à emissora BBC que não tem certeza se a entrevista é autêntica, já que seu cliente está sob um regime de segurança muito restrito que o impede de ver sua família e até advogados por meses. “Como um jornalista conseguiu entrevistá-lo na prisão está além da minha compreensão”, disse o advogado.