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Marcahuamachuco é nova estrela do turismo arqueológico peruano

Por Por Roberto Cortijo
21 nov 2011, 16h04

Marcahuamachuco, um enigmático complexo arqueológico de pedra de 1.600 anos, no norte do Peru, emerge pouco a pouco do esquecimento e pode se tornar uma das grandes estrelas do turismo peruano.

Ocupando uma área de 240 hectares em uma montanha de 3.700 metros de altura, o complexo pré-inca – e que não se sabe por qual civilização foi construído – simboliza o drama dos bens do patrimônio cultural peruano, afetados pela exploração e pela destruição natural.

Agora, um moderno sistema para sua conservação permitirá encontrar pistas de seu passado, graças ao convênio entre o governo peruano e a Global Heritage Fund (GHF).

“A estratégia é valorizar Marcahuamachuco, um dos tesouros arqueológicos mais esquecidos dos Andes, como atrativo histórico, cultural e turístico, com o objetivo de a Unesco declará-lo Patrimônio Cultural da Humanidade”, disse à AFP Alejandro Camino, representante no Peru da GHF, um órgão que preserva sítios arqueológicos no mundo.

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“Não se sabe a qual cultura Marcahuamachuco pertenceu; sabe-se que as edificações de pedras, com paredes de 10 a 15 metros de altura, foram construídas entre 350 e 400 anos d.C., mas não se sabe quando e de onde chegaram seus habitantes”, contou Cristian Vizconde, chefe dos arqueólogos do governo.

Em outubro de 2010, após a eliminação do mato que cobria parte do complexo, foram descobertas edificações de pedra, galerias, uma praça retangular e moradias, como um centro urbano religioso com santuário. “Há também um forte de pedras no planalto para evitar invasões”, completou.

Marcahuamachuco em idioma quechua significa Marka=Povo, Huaman=Falcão, Chuko=Gorro, ou seja, “Povo de Homens com Gorro de Falcão”.

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“É o centro pré-inca mais importante dos Andes, com seu próprio idioma, o culli (que perdurou até o fim do século XX), com edificações não vistas em outros sítios arqueológicos peruanos”, disse Vizconde.

Uma das paredes que chamou a atenção foi a de 50 centímetros de largura na zona chamada El Castillo, na qual foram descobertos túmulos, possivelmente de sacerdotes ou nobres.

“Esses lugares foram saqueados e os poucos restos humanos que restaram serão analisados com apoio da GHF”, disse.

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Há alguns dias encontraram um local que poderia ser um cemitério, o que ajudaria a revelar o mistério de Marcahuamachuco, explicou.

Os canadenses John Topic e Theresa Lange-Topic, que estudaram o complexo, afirmam que os últimos habitantes foram embora no fim de 1.200 d.C. e que quando os incas chegaram, dois séculos depois, apenas encontraram pastores.

“Não se sabe por que foram embora, possivelmente por epidemia, mas tudo é um mistério ainda por resolver”, declarou Vizconde.

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John Hurd, conselheiro internacional da GHF, disse que Marcahuamachuco “é um sítio impressionante e imponente e que poderá romper a dependência da indústria de turismo em Machu Picchu”.

“O que mais me pegou foi a incrível transparência do conjunto; era muito público, um local construído para impressionar, para mostrar o poder de uma dinastia”, completou.

Julio Vargas, especialista em estrutura arquitetônica da GHF, disse “estar impressionado” pelo tamanho das construções e pelo trabalho com argila para unir as pedras, e salientou que foi necessária muita técnica para que estas resistissem durante séculos a chuvas, ventos e aos anos de esquecimento.

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O sítio foi dividido em quatro conjuntos de edificações: El Castillo, Las Monjas, Los Corrales e Cerro Viejo.

Marcahuamachuco é um dos 317 sítios arqueológicos detectados na região de Huamachuco, e “todos estão em perigo pela crescente presença da mineração informal de ouro”, lamentou Vizconde.

Luis Alberto Rebaza, prefeito da província de Huamachuco, de 150.000 habitantes, afirmou à AFP que Marcahuamachuco é a “grande chance de meu povo” para se tornar destino turístico.

Mas é necessário cuidar do sítio.

“Em Huamachuco há habitantes que tem pedras extraídas das ruínas em suas casas”, disse Vargas, que contou que há alguns anos uma família entregou uma cabeça de pedra para o museu “porque após vários anos em seu poder, acharam que a pedra ocupava muito espaço na casa”.

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