Manifestantes ocupam fazenda em São Paulo para exigir terras

Cerca de 300 manifestantes invadiram neste fim de semana uma fazenda no estado de São Paulo, para protestar contra a distribuição desigual da terra no Brasil, no começo de uma campanha de ocupações que se estenderá por todo o mês, segundo os organizadores.
As pessoas entraram sem violência no local, onde permanecem desde ontem, disse à AFP um porta-voz da Polícia Militar neste domingo. “São 300 pessoas, que reivindicam a luta dos sem-terra e chegaram à fazenda de maneira pacífica. A polícia vigia o lugar, e não houve problemas”, declarou a fonte.
Os manifestantes fazem parte de uma ala dissidente do Movimento dos Sem Terra, criado há 27 anos com objetivo de conseguir terras para os mais pobres no campo. “Nosso objetivo é denunciar a existência de latifúndios improdutivos (…) e lembrar o governo de que ele deve cumprir a Constituição, que o obriga a expropriar bens rurais que não estejam cumprindo sua função social”, diz um comunicado assinado por organizações sociais camponesas e sindicatos.
Além disso, “8.000 famílias estão acampando em lonas há nove anos, esperando um pedaço de terra”, denunciaram.
O protesto, que começou no município de Bento de Abreu, no estado de São Paulo, irá se estender a outras localidades, com o objetivo de “ocupar pacificamente 30 latifúndios”, dentro de uma campanha chamada “janeiro quente”, dizem os organizadores no comunicado, divulgado na internet.
No Brasil, país com maior extensão e população da América Latina, as melhores terras estão concentradas em poucas mãos: 1% dos proprietários têm 45% das terras cultiváveis, segundo o censo agrário.
Os movimentos agrários dizem que existem 4 milhões de famílias sem terra, e 200 mil vivem em acampamentos sem infraestrutura.