Manifestantes no Haiti pedem renúncia do presidente Préval
Segundo turno de eleição que elegerá seu sucessor acontece em 20 de março

Cerca de 200 haitianos que exigiam a renúncia imediata do presidente René Préval queimaram barricadas e apedrejaram policiais e forças da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira em Porto Príncipe. A tropa de choque da polícia local fez disparos para o alto na tentativa de dispersar os manifestantes, que gritavam “Préval tem de ir” enquanto incendiavam pneus e pilhas de lixo numa praça no centro da capital.
O segundo turno da eleição que escolherá o sucessor de Préval será disputado em 20 de março, embora oficialmente o mandato do presidente tenha terminado nesta segunda-feira, 7 de fevereiro. A ex-primeira-dama Mirlande Manigat – casada com o ex-presidente haitiano Leslie Manigat (1988) – concorre com Michel Martelly, um dos músicos mais populares do país.
O Parlamento aprovou que Préval continue no cargo até 14 de maio, mas alguns adversários sugerem que ele renuncie para dar lugar a um governo provisório. “Hoje ao meio-dia o mandato de Préval termina. Ele não será mais o presidente constitucional. Vamos bloquear todo o país para fazê-lo ir embora”, disse o manifestante Michel Frederick, de 40 anos.
Sob forte pressão internacional, o Conselho Eleitoral Provisório do Haiti anunciou na quinta-feira que Manigat e Martelly disputarão o segundo turno. Inicialmente, as autoridades haviam indicado o candidato governista Jude Célestin como segundo colocado no pleito de 28 de novembro, no lugar de Martelly. Mas especialistas da Organização dos Estados Americanos (OEA) apontaram irregularidades em favor de Célestin, que acabou sendo desqualificado.
O Haiti, país mais pobre das Américas, ainda se recupera do devastador terremoto de janeiro de 2010, e enfrenta uma epidemia de cólera. Politicamente, a situação se complicou nos últimos meses com o retorno ao país do ex-ditador Jean-Claude Duvalier e com rumores de que o ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, derrubado por uma revolta popular em 2006, também retornará do exílio.
(Com agência Reuters)