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Manifestações sem precedentes em Aleppo, no norte da Síria

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18 Maio 2012, 18h07

As tropas sírias tentaram abafar à força nesta sexta-feira manifestações de dezenas de milhares de pessoas para exigir a queda do governo de Bashar al-Assad, principalmente na cidade de Aleppo, sacudida por protestos sem precedentes.

Na frente diplomática, o emissário internacional Kofi Annan irá “em breve” à Síria, onde a trégua instaurada há mais de um mês em virtude de seu plano de paz é violada diariamente.

O chefe da missão da ONU enviada para supervisionar a trégua, o general Robert Mood, reconheceu que os observadores no terreno não poderão promover sozinhos o fim da violência sem um real compromisso pela paz de todas as partes.

Aleppo, que havia sido poupada nos primeiros meses de revolta, era palco nesta sexta-feira das “maiores manifestações” desde o início do levante em março de 2011, segundo os militantes.

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O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) mencionou manifestações “massivas” nesta cidade onde os habitantes de bairros até então não afetados pela onda de contestação saíram às ruas, em um fato “sem precedentes”, segundo esta ONG.

“Não cederemos! Queremos que o mundo inteiro ouça a nossa voz!”, bradavam manifestantes no bairro de Al-Sikkari, em Aleppo, de acordo com vídeos de militantes.

“Aleppo tem um verdadeiro levante”, comentou Mohammad al-Halabi, militante no local. “As forças de segurança efetuaram disparos na maior parte das manifestações”, acrescentou. Um vídeo mostra uma multidão de jovens correndo em uma rua, enquanto tiros podiam ser ouvidos.

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Apesar da continuidade da violência, que deixou no total 14 mortos, incluindo três crianças, e do cerco às cidades, “dezenas de milhares” de pessoas protestaram em todo o país nas maiores manifestações desde o anúncio do cessar-fogo no dia 12 de abril, segundo o OSDH.

Um manifestante morreu ao ser atingido por uma bomba de gás lacrimogêneo jogada pelas forças de segurança para dispersar uma manifestação em Homs (centro) e outros dois foram mortos a tiros em Damasco, segundo o OSDH.

Paralelamente à repressão das manifestações, as tropas do governo continuam a bombardear bolsões rebeldes, como a cidade de Rastan e bairros de Homs.

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Os militantes tentam desesperadamente ser ouvidos pelos cerca de 260 observadores, alguns deles presentes em Aleppo na véspera. “Vamos, vamos, eles vão nos prender, estamos sob sua proteção”, gritavam os jovens para um observador depois de terem mostrado um vídeo que exibia membros das forças de segurança agredindo brutalmente estudantes, segundo um vídeo.

“Os observadores, seja qual for o seu número, não podem conseguir uma queda progressiva e o fim permanente da violência se não existir um real compromisso de todos os elementos internos e externos de dar uma chance ao diálogo”, reconheceu o general Mood em Damasco.

Esta missão se tornou mais delicada depois dos atentados em Damasco e em Aleppo reivindicados por pequenos grupos obscuros aumentaram a violência cotidiana. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, atribuiu na quinta-feira à Al-Qaeda a responsabilidade pelos recentes atentados como os que deixaram 55 mortos na capital no dia 10 de maio.

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A agência oficial Sana indicou nesta sexta-feira que as autoridades tinham frustrado “um atentado com carro-bomba” em Deir Ezzor e “apreendido um carro contendo cerca de 600 kg de explosivos” perto de Damasco.

Neste contexto, a Tunísia reconheceu que algumas de suas mesquitas administradas por islamitas radicais pediam que os jovens fossem à jihad contra o regime de Assad.

Certo do apoio russo, o clã Assad se apega mais do que nunca ao poder, e o fim da crise parece estar cada vez mais distante por causa das divisões surgidas recentemente dentro de uma oposição já fragmentada.

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Em uma recente entrevista concedida a uma rede de televisão russa, o presidente Assad chamou os rebeldes de “terroristas” e pediu que seu novo homólogo francês François Hollande “pense nos interesses da França” e mude de política em relação a Damasco.

“Não é com declarações como essa que Bashar al-Assad fará as pessoas esquecerem que suas forças de segurança continuam a massacrar seu povo”, segundo o Ministério das Relações Exteriores.

Em 14 meses, mais de 12.000 pessoas foram mortas na Síria, em sua maioria civis, segundo o OSDH. Dezenas de milhares de sírios se refugiaram nos países vizinhos.

Em resposta às afirmações do embaixador sírio na ONU, que disse recentemente que a Al-Qaeda estava presente em algumas regiões do Líbano, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, afirmou nesta sexta-feira que declarações como essa apenas exacerbam as divergências entre os dois países.

Enquanto isso, a Unesco, preocupada com a ocupação pelo Exército de lugares que estão na lista de patrimônios da organização, como o Krak dos Cavaleiros, indicou que pretende enviar especialistas à Síria se a situação permitir.

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