Malvinas: Argentina ameaça britânicos com ‘boicote letal’
Sindicatos pensam em ampliar o bloqueio a barcos com a bandeira das ilhas
Sindicatos argentinos do setor de transporte advertiram nesta quinta-feira que podem ampliar a ameaça de boicote a embarcações britânicas de carga. Organizado pela Confederação Argentina de Trabalhadores do Transporte (CATT), o bloqueio seria um protesto contra a “militarização” das Ilhas Malvinas pela Grã-Bretanha. Caso seja posto em prática, o boicote será “letal” aos barcos britânicos porque eles sofrerão até 12 horas de atraso em suas operações, disse nesta quinta-feira o líder do sindicato de trabalhadores portuários.
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Entenda o caso
- • As Ilhas Malvinas – Falkland, em inglês – ficam a cerca de 500 quilômetros do litoral argentino, mas são administradas e ocupadas pela Grã-Bretanha desde 1883.
- • O arquipélago sempre foi motivo de tensão entre os dois países, até que em 1982 o ditador argentino Leopoldo Galtieri comandou uma invasão ao território.
- • O governo britânico reagiu rapidamente, enviando às ilhas uma tropa quase três vezes maior do que à da Argentina, que se rendeu dois meses depois.
- • Na guerra morreram 255 militares britânicos e mais de 650 argentinos.
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“É um boicote, não uma greve. Vamos trabalhar, mas vamos selecionar a carga para atrasar por 12 horas. O que fazemos a eles é letal, porque perdem a hora em outros portos e demoram vários dias para regressar”, disse o chefe do Sindicato de Trabalhadores Marítimos Unidos, Enrique Suárez. O pretesto reúne vários sindicatos do setor e prevê atrasar os cargueiros em “seis horas na entrada e seis horas na saída” nos portos da Argentina, disse Suárez em declarações à rádio Continental.
O líder sindical acrescentou que um dos objetivos do boicote é pressionar os armadores ingleses e forçá-los a “exigir do governo britânico que se sente para dialogar com as autoridades argentinas” a resteito da soberania sobre Malvinas, que motivou um conflito entre os dois país quase 30 anos atrás. A medida, segundo a CATT, inclui “qualquer navio de qualquer tipo e forma, que tenha bandeira britânica ou que seja propriedade de britânicos e esteja registrado sob uma bandeira de conveniência”.
Além disso, o diário argentino Clarín afirma nesta quarta-feira que os líderes sindicais estudam incluir no bloqueio os voos da companhia British Airways. Apesar das ameaças, o petroleiro britânico Ruby, da empresa petrolífera britânica British Petroleum, está atracado na Argentina há dois dias e realiza normalmente suas operações de carga e descarga.
Tensão – As últimas semanas foram marcadas por uma escalada na tensão entre Grã-Bretanha e Argentina sobre a questão das Malvinas. Semana passada, o governo argentino denunciou nas Nações Unidas uma “militarização” do Atlântico Sul pelos britânicos, depois que o país europeu enviou ao arquipélago um moderno navio de guerra.
O Ministério das Relações Exteriores argentino também exigiu na quarta-feira informação sobre a suposta presença de um submarino nuclear na região e sustentou que a Grã-Bretanha aumenta a militarização com uma viagem às ilhas, prevista para março, de deputados britânicos da comissão de Defesa.
(Com agência France-Presse)