Uma comissão independente que investiga o abuso sexual de menores na Igreja Católica de Portugal disse nesta segunda-feira, 13, que documentou casos apontando para pelo menos 4.815 vítimas.
Criada pela Conferência Episcopal Portuguesa para examinar os abusos nas últimas décadas, a comissão acrescentou que esta é apenas a ponta do iceberg.
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Ao apresentar o relatório, o presidente da comissão, o psiquiatra infantil Pedro Strecht, homenageou as centenas de pessoas que prestaram depoimento, dizendo que seu objetivo era “dar voz ao silêncio” das vítimas.
“Elas têm uma voz; elas têm um nome”, afirmou.
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Ao todo, a comissão documentou 564 denúncias de pessoas que disseram ter sido vítimas de abuso por parte de padres ou outras autoridades da Igreja. O relatório analisou casos que datam de 1950. Em muitos casos, os testemunhos apontavam para o abuso de outros menores – daí a estimativa de milhares de outras vítimas.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, José Ornelas, bispo de Leiria-Fátima, deve prestar declarações mais tarde.
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No domingo, Ornelas disse ter recebido o relatório “com gratidão” e que uma sessão extraordinária marcada para 3 de março irá ponderar a melhor forma de fazer “justiça” às vítimas.
De acordo com a comissão, 25 dos casos documentados foram encaminhados ao Ministério Público português. Muitos outros, contudo, caíram fora do estatuto de limitações.
Entre as recomendações do relatório está a de que, em casos de alegado abuso sexual de menores, a previsão existente de que as vítimas só podem apresentar queixa-crime até aos 25 anos de idade, ainda que se aplique o prazo de prescrição, seja aumentada para 30 anos.