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Mais de 350 elefantes morrem por envenenamento de água ligado à crise climática

Estudo mostra que animais foram intoxicados em 2020 por água com alta concentração de algas, numa proliferação provocada pelo aquecimento global

Por Da Redação Atualizado em 29 nov 2024, 18h18 - Publicado em 29 nov 2024, 17h11

Um estudo que será publicado na edição de dezembro da revista científica Science of the Total Environment sugere que mais de 350 elefantes morreram por um “desastre de conservação” no delta do Okavango, em Botsuana, em 2020. Segundo os pesquisadores, os animais foram intoxicados após beber água com alta concentração de algas verde-azuladas, ou cianobactérias, fenômeno que foi provocado pelas mudanças climáticas.

“Uma investigação sobre o evento de mortandade de elefantes em 2020 apontou as cianotoxinas como a causa provável, mostrando que as águas hipereutróficas no sul da África apresentam riscos excepcionalmente altos de exposição à cianotoxina para a vida selvagem. Extremos climáticos potencialmente desencadearam tanto esse quanto eventos de mortalidade em massa pré-históricos”, apontou o artigo, disponível on-line.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas da Universidade de Botsuana, do Museu de História Natural de Londres, da Queen’s University Belfast e do Laboratório Marinho de Plymouth analisaram a distribuição de carcaças entre 3.000 bebedouros naturais da região, por meio de imagens de satélite. O estudo mostrou que os elefantes conseguiam andar pouco mais de 100 quilômetros, mas caminhavam em círculos, desmaiavam e morriam cerca de 88 horas após ingerirem a água. Os bebedouros com aumento de florações de cianobactérias tinham maiores concentrações de corpos.

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Episódios de mortes animais

Esta não é a primeira vez que casos similares foram registrados. Também em 2020, 35 elefantes morreram no Zimbábue por uma bactéria no sangue, associada a secas prolongadas. Cinco anos antes, 200.000 antílopes-saiga perderam a vida por septicemia hemorrágica, uma inflamação grave no sangue que prejudica o funcionamento dos órgãos. O episódio também tinha relações com as mudanças climáticas.

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Ao contrário de 2019, o ano mais seco em décadas no sul da África, 2020 registrou fortes chuvas na região. Como consequência, mais sedimentos ficaram suspensos na água, levando a uma intensa proliferação de algas. Com o aquecimento global, espera-se que eventos climáticos extremos e alterações ecológicas, como na água e fauna e flora que servem de alimento aos animais, sejam intensificados. Ao que tudo indica, isso provocaria novos episódios de mortes animais ao redor do globo.

“Com as previsões de que a região do sul da África ficará mais seca e quente, isso pode novamente criar as condições descritas. É importante tomar medidas preventivas sempre que possível”, disse ao jornal britânico The Guardian o especialista em microbiologia veterinária Arnoud van Vliet, da Universidade de Surrey, que não está envolvido com o estudo.

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