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Maduro fecha fronteira com Curaçao para bloquear ajuda humanitária

O ditador afirma que a Venezuela é autossuficiente e diz ser vítima de uma cortina de fumaça

Por Da Redação
20 fev 2019, 12h33

As Forças Armadas venezuelanas afirmaram na terça-feira 19 que as fronteiras do país estão em alerta contra as intenções do presidente autodeclarado, Juan Guaidó de importar ajuda humanitária internacional no próximo sábado, 23, data que marca um mês do seu governo interino. Enfatizando a oposição aos Estados Unidos, o regime de Nicolás Maduro fechou as fronteiras marítimas e aéreas com a ilha de Curaçao, que seria o caminho alternativo para os mantimentos americanos.

Em resposta, Guaidó afirmou que a ajuda entrará na Venezuela “de uma forma ou de outra”, afirmação contrariada pelos comandantes militares do país, que permanecem fiéis a Maduro apesar das ameaças do presidente americano, Donald Trump, para que eles abandonem o ditador. “As forças armadas permanecerão deslocadas e em alerta nas fronteiras para evitar qualquer violação da integridade de nosso território”, disse o Ministro da Defesa, Vladimir Padrino.

Ainda na terça-feira, Maduro disse ter se encontrado com 1.000 comandantes militares que prometeram “lealdade” a ele, às vésperas da mobilização convocada por Guaidó para acompanhar as brigadas de voluntários que irão buscar a ajuda humanitária nas fronteiras.

As remessas estrangeiras de comida e medicamentos se tornaram o foco da queda de braço entre Maduro e Guaidó. Parte da ajuda embargada está na Colômbia, na cidade de Cúcuta, próxima aos postos de controle da Venezuela. Elas foram bloqueadas pelos aliados do ditador e o presidente interino pretende adotar o Brasil e Curaçao como vias alternativas para sua entrada.

O governo brasileiro já confirmou que enviará seus carregamentos pela fronteira do país vizinho com Pacaraima, em Roraima. O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, ainda informou que o Brasil está em contato com os Estados Unidos para organizar a entrega de ajuda humanitária, mas deixou claro que o transporte dos produtos será feito em caminhões apenas até a fronteira, onde os venezuelanos deverão assumir a responsabilidade de atravessá-los.

Para além do bloqueio em Curaçao, o comandante regional da Venezuela no Caribe, Vladimir Quintero, confirmou que as fronteiras com as ilhas de Aruba e Bonaire também estão fechadas.

Interferência

Nicolás Maduro afirma que a ajuda humanitária é uma cortina de fumaça para a interferência americana em território venezuelano. Ele culpa as sanções de Washington pela crise no país e já afirmou à BBC que os Estados Unidos enviam migalhas de sua comida tóxica”, garantindo que a “Venezuela tem a capacidade de satisfazer as necessidades de seu povo.”

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Os venezuelanos carecem de comida e remédios e sofrem com uma hiperinflação que o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta em 10.000.000% este ano. Fugindo da crise, quase 3 milhões de venezuelanos já saíram do país desde 2015, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Reconhecido por cerca de 50 países como presidente interino, Guaidó liderou uma discussão no Congresso, de maioria opositora, que aprovou a entrada da ajuda. “É uma ordem direta para as Forças Armadas, que devem cumpri-la de forma imediata”, assegurou. Durante a formatura de uma turma de médicos, transmitida pela TV estatal na terça-feira 19, o ditador desafiou Guaidó a convocar eleições “para derrubá-lo com votos.”

“Tem um palhaço que diz ser presidente interino. Bom, se o senhor é presidente interino, a primeira coisa que tem que fazer ou que tinha que fazer, é convocar eleições. E por que não convocou?”, indagou Maduro.

Guaidó não respondeu aos ataques e enviou mensagens em sua conta no Twitter pedindo que os líderes militares destacados para as fronteiras deixem os mantimentos entrarem. Nesta quarta-feira, 20, o comandante máximo das Forças Militares da Colômbia, Luis Navarro, e do Comando Sul americano, Craig Faller, se reunirão em Miami para discutir sobre a ajuda que os Estados Unidos vão fornecer através da fronteira colombiana.

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Antes da sessão parlamentar de terça, Guaidó se reuniu com os embaixadores de França, Reino Unido, Itália, Espanha e Alemanha, e organizações não governamentais. Depois do encontro, os embaixadores anunciaram uma ajuda conjunta de mais de 18 milhões de dólares e a França prometeu o envio de 70 toneladas de remédios e alimentos.

“A França estará à altura deste desafio e desta fraternidade com o povo da Venezuela”, disse o embaixador Romain Nadal, que prometeu mais ajuda.

Na sexta-feira, 22, será realizado um show com artistas internacionais em Cúcuta, com as presenças confirmadas dos presidentes Iván Duque, da Colômbia, e Sebastián Piñera, do Chile.

O concerto beneficente pretende arrecadar 100 milhões de dólares em 60 dias, que se somarão aos mais de 110 milhões de dólares reunidos angariados em semanas anteriores. Tentando se defender, Maduro anunciou que 300 toneladas de remédios comprados dos russos chegarão ao país nesta quarta, depois das 933 toneladas que entraram na semana passada, vendidas por China, Rússia e Cuba.

(com AFP) 

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