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Maduro dá ultimato ao Brasil e a países que contestam seu novo mandato

Líder venezuelano desafia Grupo de Lima e assume nesta quinta-feira seu segundo mandato como presidente

Por Da Redação
Atualizado em 9 jan 2019, 19h41 - Publicado em 9 jan 2019, 18h52

Na véspera de assumir seu segundo mandato como presidente da Venezuela, Nicolás Maduro  ameaçou nesta quarta-feira, 9, com a adoção medidas diplomáticas “urgentes e cruas” os países integrantes do Grupo de Lima, entre os quais o Brasil. Maduro referiu-se ao grupo como um “cartel” e lhe deu 48 horas para mudar sua posição em relação à Venezuela.

Formado por  catorze países das Américas, o Grupo de Lima declarou na última sexta-feira 4 que seus governos não reconhecerão o governo da Venezuela se presidente tomar posse nesta quinta-feira, 10, para seu segundo mandato de seis anos no cargo. No texto, o grupo pede a Maduro que transfira o poder para a maioria parlamentar da oposição da Assembleia Nacional enquanto “as eleições democráticas são realizadas”.

O Grupo de Lima abriu também a possibilidade de seus membros romperem relações diplomáticas com Caracas e adotarem sanções contra autoridades e empresas venezuelanas. Apenas o México esquivou-se de assinar a declaração. O texto foi formulado durante conferência de chanceleres do grupo ocorrida em Lima, Peru, no dia 4.

“Hoje entregamos a todos os governos do Grupo de Lima esta nota de protesto diplomático, onde exigimos uma retificação das suas posições sobre a Venezuela em 48 horas. Ou o governo da Venezuela tomará as mais urgentes e cruas medidas diplomáticas para a defesa da integridade de nossa soberania”, disse Maduro, em entrevista à imprensa internacional.

Para Maduro, as medidas anunciadas pelo Grupo de Lima violam princípios do direito internacional. Ele disse ainda que não aceitará “chantagem” e que tomará posse com o apoio do povo, dos militares e de vários países da comunidade internacional, como Turquia, Nicarágua, Cuba e Bolívia. Além da Rússia e da China, de fato esses são os principais aliados de Caracas.

As notas diplomáticas de protesto foram enviadas pelo chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, a treze dos catorze países que integram o Grupo de Lima. O Itamaraty não confirmou o recebimento do texto.

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Maduro venceu as eleições presidenciais em maio de 2018, consideradas ilegítimas pelos países do Grupo de Lima, pelos Estados Unidos e pela União Europeia. A oposição não esteve representada no pleito, como forma de protesto por antever fraudes. A Justiça venezuelana, controlada pelo Poder Executivo, impediu a candidatura das principais lideranças adversárias a Maduro.

O presidente venezuelano rejeitou em particular a crítica do bloco à recente invasão das águas territoriais da Guiana por um navio da Venezuela. O Grupo de Lima pedira que Maduro desistisse de “ações que violam os direitos soberanos de seus vizinhos”. Maduro acusou o Grupo de Lima de seguir ordens de Washington e de ter tomado partido da Guiana em uma disputa com a Venezuela.

Desde sua sucessão a Hugo Chávez, morto em 2013, a Venezuela vive um período turbulento sob o governo de Nicolás Maduro. A crise econômica e o governo evidentemente autoritário desencadearam a maior crise humanitária da América do Sul, com mais de 3 milhões de refugiados desde 2015. No país, a população sobrevive há anos apesar do desabastecimento de alimentos e remédios, da crise do setor médico e do desemprego massivo.

Veja a seguir os principais momentos da gestão de Maduro:

O herdeiro

Nicolas Maduro, candidato do PSUV, acena para as pessoas em Caracas – 14/04/2013 (Amanda Perobelli/Brazil Photo Press/LatinContent/Getty Images)

O líder socialista Hugo Chávez, presidente desde 1999 e fundador da “revolução bolivariana”, morre em decorrência de um câncer em 5 de março de 2013. Ungido por Chávez como seu substituto,  Maduro vence as eleições presidenciais de 14 de abril com 50,62% dos votos, apenas 1,5 ponto a mais do que o candidato da oposição, Henrique Capriles. Como meio de afirmação, dizia ter conversado com Chávez, que lhe aparecera na forma de um passarinho.

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Petróleo em queda

Leopoldo Lopez, opositor do governo da Venezuela, durante protesto em Caracas – 18/02/2014 (Elyxandro Cegarra/NurPhoto/Getty Images)

Em 2014, liderada por Leopoldo López, a oposição realiza manifestações nas ruas de Caracas para exigir a saída de Maduro. A reação da Guarda Nacional Bolivariana e das milícias pró-Maduro contra os manifestantes resulta em centenas de prisões e 43 mortes.

López é preso em fevereiro e condenado em 2015 a quase catorze anos de prisão, acusado de incitar a violência dos manifestantes. Desde agosto de 2017 está em prisão domiciliar.

Os preços do petróleo, produto gerador de 96% das divisas do país, caem a menos da metade, agravando a escassez de alimentos e de remédios e o endividamento do país.

Primeira derrota

Henry Ramos Allup depois de ser eleito presidente da Assembleia Nacional da Venezuela – 03/01/2015 (Carlos Becerra/Anadolu Agency/Getty Images)

Em fevereiro de 2015, o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, é preso sob a acusação de conspirar contra Maduro. Pouco depois de passar à prisão domiciliar, em 2017, ele foge para a Espanha.

Em março, os Estados Unidos impõem as primeira sanções contra autoridades venezuelanas, às quais acusa de violar os direitos humanos e de cometer crimes comuns.

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Em dezembro, em meio ao agravamento da crise político-econômica, a coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), de oposição, conquista a maioria das cadeiras da Assembleia Nacional. Trata-se da maior derrota eleitoral do chavismo desde 1998, quando Chávez foi eleito presidente.

Golpe no Legislativo

Legisladores partidários do governo forçam entrada na Assembléia Nacional, em Caracas – 23/10/2016 (Carlos Becerra/Anadolu Agency/Getty Images)

Assim que a oposição assume o controle do Legislativo, em janeiro de 2016, a Assembleia Nacional é declarada em desacato pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), que anula suas decisões.

Durante quase todo o ano de 2016, a oposição tenta revogar o mandato de Maduro por meio de um referendo e organiza manifestações. Mas o Poder Eleitoral e a Justiça, nas mãos do Executivo, alegam fraude no recolhimento das assinaturas para solicitar o referendo.

Constituinte

Eleições para a nova Assembleia Constituinte, que toma o lugar da Assembleia Nacional – 16/07/2017 (Jimmy Villalta /VW Pics/UIG/Getty Images)

O TSJ toma para si as atribuições do Parlamento. Em 1º de abril, explodem protestos que deixam 125 mortos em quatro meses. A procuradora-geral, Luisa Ortega, antes governista, denuncia a ruptura da ordem constitucional. Meses depois, foge do país denunciando uma “perseguição”.

Em 30 de julho, os venezuelanos voltam às urnas para eleger uma nova Assembleia Constituinte, com poder absoluto e totalmente governista. Na prática, substitui na prática a Assembleia Nacional. Os protestos, desgastados, cessam.

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Washington aprova sanções financeiras contra a Venezuela. A petroleira estatal PDVSA é declarada em  moratória parcial.

O chavismo tem ótimo resultado nas eleições de governadores de outubro e nas municipais de dezembro. A oposição, que novamente não participaram do pleito, denuncia fraudes.

Reeleição

Nicolás Maduro durante campanha de reeleição em Caracas, Venezuela – 23/01/2018 (Stringer/Anadolu Agency/Getty Images)

Diante de uma oposição rachada, a Constituinte decide adiantar as eleições presidenciais, de forma a favorecer a candidatura de Maduro. A nova tentativa de diálogo entre oposição e o governo sobre garantias eleitorais fracassa, e as autoridades fixam as eleições para 20 de maio.

A MUD decide boicotá-las por serem uma “fraude”. O candidato de oposição Henri Falcón, dissidente do chavismo, se afasta da MUD e lança a sua candidatura.

Os Estados Unidos, o Grupo de Lima e a União Europeia desconhecem as eleições. Maduro, porém, é reeleito com 68% dos votos. A eleição registra a maior abstenção, de 52%, da história democrática venezuelana.

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Enquanto isso, a produção petroleira cai aos níveis mais baixos em três décadas (1,4 milhão de barris por dia).

Em 4 de agosto, o presidente denuncia ter sofrido um atentado com dois drones carregados com explosivos, que explodiram perto de onde ele presidia uma parada militar. Maduro culpa o deputado opositor Julio Borges, o então presidente colombiano Juan Manuel Santos e os Estados Unidos. Vinte e cinco pessoas são detidas, entre elas o legislador Juan Requesens e dois generais.

Escassez

(Com EFE e AFP)

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