Macron rejeita oferta de renúncia de sua primeira-ministra
O cargo de Elisabeth Borne parece ameaçado, já que o presidente francês pode ter que negociar com a oposição usando a posição de premiê
O presidente francês, Emmanuel Macron, rejeitou nesta terça-feira, 20, uma oferta de renúncia da primeira-ministra que ele nomeou, dizendo que o governo deve “permanecer nos deveres e agir”.
Elisabeth Borne foi criticada por alguns comentaristas depois que a coalizão de Macron perdeu a maioria no domingo. Seu futuro parece ameaçado após o resultado, que deixou o presidente dependente do apoio de rivais (e pode ter que negociar usando o cargo de premiê).
Macron deve se encontrar com seus oponentes políticos para raras conversas na terça-feira, mas nem a extrema-direita de Marine Le Pen nem a aliança verde-esquerda de Jean-Luc Mélenchon estão dispostas a trabalhar com o governo centrista. Com 44 cadeiras a menos da maioria, ele tenta desesperadamente evitar um “parlamento pendurado”, que paralisaria os processos políticos.
O Palácio do Eliseu disse que Borne se ofereceu formalmente para renunciar na manhã de terça-feira, enviando uma carta a Macron. O chefe de Estado recusou a oferta “para que o governo possa permanecer nos deveres e agir”, disse o palácio do Eliseu, acrescentando que buscaria “soluções construtivas” para encerrar o impasse que ameaça seu segundo mandato.
É costume que o primeiro-ministro francês ofereça a demissão após as eleições parlamentares. Muitas vezes, o presidente simplesmente renomeia a mesma pessoa para que possa começar a construir um novo governo. Mas a situação é diferente desta vez, já que Macron disse a Borne para permanecer no cargo com o mesmo gabinete, sem renunciar.
+ Macron nomeia nova premiê da França, segunda mulher a ocupar o cargo
Analistas sugerem que provavelmente é um esforço para ganhar tempo. Em algum momento, um novo governo será formado, que pode ou não ter Borne no cargo de premiê.
O presidente está de olho em um acordo com os republicanos de direita. O partido confirmou que seu líder, Christian Jacob, participará das negociações. Mas as perspectivas são fracas: Jacob atacou Macron em entrevista à rádio France Inter.
“Ele é aquele que foi arrogante e agora ele pede ajuda”, disse. “Somos muito claros em nossa posição, estamos na oposição a Emmanuel Macron e permaneceremos lá”, acrescentou.
+ França: Macron leva uma sacudida e os extremos ganham vantagem
Le Pen participará, mas Mélenchon não. O líder do Partido Socialista Olivier Faure e o chefe do Partido Comunista Fabien Roussel, membros da aliança de esquerda Nupes, também se encontrarão com Macron.
Macron apresentou uma série de planos para combater a alta no custo de vida, incluindo vales-alimentação e benefícios aprimorados. Outra grande reforma é aumentar gradualmente a idade de aposentadoria de 62 para 65 anos, o que se mostrou impopular entre grande parte do eleitorado. Todas essas propostas estão ameaçadas com um parlamento pendurado.