Macron desconvida ministra e manda Johnson ‘levar crise a sério’
Presidente da França desconvidou ministra britânica após publicação de carta no Twitter
O presidente da França, Emmanuel Macron, declarou que o premiê do Reino Unido, Boris Johnson deve “levar a sério” a crise de imigrantes ilegais que tentam atravessar o Canal da Mancha ou “permanecer calado’.
As afirmações de Macron marcam uma escalada na crise diplomática entre os dois países europeus desde a morte de 27 pessoas num naufrágio na última quarta-feira (24).
Macron criticou duramente a decisão de Londres de publicar um plano de cinco pontos via Twitter, ao invés de conduzir negociações bilaterais.
A carta foi divulgada como um tweet e acabou estampada imediatamente em jornais de toda a Inglaterra.
“Falei há dois dias com o primeiro-ministro Johnson de maneira muito séria”, disse Macron em uma entrevista coletiva concedida durante a manhã desta sexta-feira.
“De minha parte, continuo trabalhando duro, como faço com todos os países e líderes. Fico surpreso com os métodos quando não são sérios”, prosseguiu.
“Não nos comunicamos de um líder para outro sobre questões tão graves por meio de tweets e cartas tornadas públicas. Por favor, Por favor”, exclamou.
As declarações de Macron foram acompanhadas por uma retaliação diplomática ao Reino Unido.
Paris retirou o convite à ministra do Interior britânica, Priti Patel, para participar de uma reunião sobre o assunto.
O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, escreveu a Patel para dizer que a reunião de domingo vai acontecer, mas sem a participação dos britânicos.
Darmanin disse a Patel que a carta de Johnson para Macron, sugerindo que a França aceitasse de volta as pessoas que cruzavam o Canal, foi uma “decepção”.
“A França acredita que o policiamento, por si só, não impedirá travessias arriscadas”, afirmou.
Sobre a decisão de Londres de publicar uma carta com recomendações no Twitter, Darmanian também foi duro.
“Torná-la pública tornou tudo pior. Portanto, preciso cancelar nossa reunião em Calais no domingo”, disse.