Buenos Aires, 25 jun (EFE).- O ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, destituído na sexta-feira passada, declarou que iniciou um processo de ‘resistência pacífica’ e de ‘não reconhecimento’ do governo de seu sucessor, Federico Franco.
‘Já começamos a resistência pacífica e um não reconhecimento da presidência que se instalou depois do golpe de Estado parlamentar’, sustentou Lugo em entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal argentino ‘Página/12’.
O agora ex-chefe de Estado agradeceu pelo ‘grande movimento de solidariedade internacional’ em seu apoio, depois que o Mercosul suspendeu a participação do Paraguai da reunião de cúpula de sexta-feira na Argentina, em sinal de rejeição à cassação.
O ex-presidente perdeu o cargo na sexta-feira passada em processo parlamentar por mau desempenho de suas funções, depois que o Partido Liberal retirou, no dia anterior, o apoio ao então presidente, além dos quatro ministros que tinha no Executivo.
Lugo afirmou que ‘já podem ser vistas manifestações de cidadãs e cidadãos’ que se expressam de maneira ‘pacífica’ contra ‘o que o Parlamento decidiu na sexta-feira negra’.
O esquerdista disse que voltará a seu trabalho político para ‘unir forças com movimentos sociais e sindicais’ e que acredita que a rejeição ao novo governo paraguaio ‘irá aumentar’.
‘Nos submetemos ao julgamento político parlamentar e aceitamos o veredicto para evitar derramamento de sangue. Somos contra todo tipo de violência e nesse dia se previa violência e repressão’, avaliou o ex-mandatário, que assumiu a presidência em 2008 e cujo mandato terminaria em 2013.
‘No Paraguai há muita violência. Sexta-feira os mercadores da morte estavam rondando. O julgamento foi injusto, destrambelhado e sem argumentos, mas precisávamos reagir como fizemos. Era o melhor a fazer’, ponderou.
Lugo participará na próxima sexta-feira da cúpula do Mercosul na província argentina de Mendoza, onde espera-se que os líderes do Brasil, da Argentina, do Uruguai e dos países associados analisem medidas a adotar sobre o Paraguai.
O ex-presidente paraguaio se encontrou hoje com dez antigos ministros e colaboradores em reunião de um movimento que está sendo chamado ‘gabinete pela restauração democrática’.
Também hoje, no palácio presidencial, o novo governo do liberal Federico Franco fez juramento. EFE