Lugo diz que tentará resistir fora do Congresso
Paraguaio afirma que aceitará decisão do Congresso, mas acrescenta que vai 'impor resistência' por outras vias institucionais. Ele já recorreu à Justiça
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, afirmou nesta sexta-feira à Rádio 10, da Argentina, que acatará o julgamento político votado no Congresso – que analisa nesta sexta o pedido de impeachment aprovado na véspera pela Câmara. “É preciso acatá-lo (o julgamento político), é um mecanismo constitucional, mas a partir de outras instâncias organizacionais certamente vamos impor resistência”, afirmou.
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O ex-bispo de 61 anos, eleito em 2008, apresentou nesta sexta-feira uma ação de inconstitucionalidade à Suprema Corte de Justiça contra o processo, anunciou o seu advogado. “Não é mais um golpe de estado contra o presidente, é um golpe parlamentar disfarçado de julgamento legal, que serve de instrumento para um impeachment sem razões válidas que o justifiquem”, assegurou o chefe de estado.
Ele afirmou ainda ter recebido ligações de apoio de seus homólogos Hugo Chaves, da Venezuela, Rafael Correa, do Equador, Evo Morales, da Bolívia, assim como de Dilma Roussef e de Cristina Kirchner, da Argentina. Na quinta-feira à noite, os oito principais ministros das Relações Exteriores da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) chegaram ao Paraguai com a missão de defender o presidente Lugo.
Sessão – A defesa de Lugo terminou há pouco de apresentar suas argumentações no Senado paraguaio. A principal alegação dos advogados é a de que o processo de impeachment contra Lugo é inconstitucional. Os advogados reclamaram também do pouco tempo dado à defesa do presidente.
De acordo com informações do jornal paraguaio ABC Color, os defensores de Lugo fizeram referência à ausência de delito e à falta de elementos para vincular o presidente aos confrontos em Curuguaty. “Não foi apresentada sequer uma prova contra Lugo. Solicitamos a rejeição das argumentações da acusação”, afirmou o advogado Emilio Camacho em sua fala.
De acordo com o regulamento aprovado na quinta-feira pelo Senado, os senadores emitirão sua sentença às 16h30 (horário local, 17h30 em Brasília) desta sexta. Lugo é acusado de “mau desempenho de suas funções” no caso do confronto armado que deixou 17 mortos, entre policiais e camponeses durante uma reintegração de posses em uma fazenda do nordeste do país no último dia 15. Se for considerado culpado, Lugo será imediatamente afastado do cargo, que seria assumido pelo vice-presidente, o liberal Federico Franco, até a realização de eleições gerais previstas para abril de 2013.