Cairo, 10 jan (EFE).- A Liga Árabe denunciou nesta terça-feira ‘uma campanha maliciosa’ contra sua missão na Síria e responsabilizou o regime de Damasco por garantir a segurança dos observadores, após os recentes ataques contra alguns dos membros da delegação.
Em comunicado, o secretário-geral da organização pan-árabe, Nabil al Araby, afirmou que esta campanha, que inclui ‘atos irresponsáveis e de violência’, é uma tentativa de ‘fazer a missão árabe fracassar’.
Araby ressaltou que as ações afetam a atividade da delegação e confirmou que alguns de seus membros sofreram ‘atos de violência por parte de elementos pró-governo em Latakia, Deir ez-Zor, e por parte de outros membros da oposição em outras regiões’.
Os ataques feriram alguns dos observadores e causaram danos graves em seus equipamentos, segundo o dirigente da Liga Árabe, que não especificou a nacionalidade dos agredidos, embora o Kuwait tenha divulgado anteriormente que dois de seus analistas sofreram ‘ferimentos leves’.
O secretário-geral acrescentou que sua organização considera que ‘o Governo sírio assuma toda a responsabilidade de proteger os membros da missão de acordo com o estipulado no protocolo (árabe)’, por isso estes incidentes significam ‘um descumprimento essencial’ de seus compromissos.
Na nota, a Liga Árabe pede ao Governo e à oposição que acabem com esta campanha para impedir a missão de cumprir com seus trabalhos e seu objetivo de buscar uma solução para a crise no país.
Além dos ataques, Araby comentou o ‘duplo sentido’ das declarações do chefe da missão, o general sudanês Mohammed al-Dabi, sobre o desenvolvimento de seu trabalho, assim como hesitações do comunicado emitido há dois dias pelo grupo de contato sobre a Síria da Liga Árabe.
O objetivo de tudo isso, disse Araby, é despertar a rejeição contra a organização e sua missão, e elogiou seus membros destacando sua ‘responsabilidade, profissionalismo e independência em meio às circunstâncias extraordinárias’.
Araby reiterou que sua organização deseja que os observadores continuem no território, mas exigiu segurança para seus representantes para que não seja necessário congelar a missão.
No domingo, o grupo de contato para a Síria da Liga Árabe, liderado pelo Catar, decidiu dar mais tempo à missão para que complete seu trabalho e aumente o número de soldados, que chegará a 200 no fim de semana.
Pelos dados da Organização das Nações Unidas, mais de 5 mil pessoas morreram na Síria desde março de 2010, quando começaram os protestos contra o regime de Assad, que acusa ‘grupos armados terroristas’ de estar por trás das manifestações.
Só nesta terça-feira, os grupos opositores denunciaram que ao menos 23 pessoas morreram em ações repressoras das forças leais ao regime, a maioria em Deir ez-Zor e Homs. EFE