Líder do Afeganistão convocará conselho tribal sobre paz com Talibã
Ashraf Ghani disse que vai marcar a chamada Loya Jirga, um encontro de chefes de clãs afegãos, para debater as negociações com o grupo terrorista
O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, afirmou que convocará um grande conselho para iniciar as consultas sobre o processo de paz com o grupo terrorista Talibã. Marcada para março, a chamada Loya Jirga é uma reunião de chefes tribais afegãos convocada somente em situações emergenciais.
“Eu considero a Loya Jirga o único caminho para nos ajudar a resolver os problemas atuais”, disse o governo em um comunicado. Ghani acrescentou que a convocação é “necessária na busca de uma paz duradoura”.
Os extremistas talibãs rejeitam a ideia de conversar diretamente com o governo do Afeganistão, mas tem se reunido com representantes dos Estados Unidos nos Emirados Árabes e no Catar.
As últimas negociações presenciais aconteceram no fim de janeiro. Segundo o jornal The New York Times, os representantes americanos definiram as bases para um futuro acordo de paz. O porta-voz da mílicia afegã, Zabihullah Mujahid, se limitou a dizer que o encontro em Doha, capital do Catar, foi possível graças a “aprovação americana de um calendário proposto para o fim da invasão no Afeganistão e para a prevenção de que o país seja arma para futuras ações contra outras nações”.
Fontes da diplomacia dos Estados Unidos indicam que as propostas intermediadas pelo governo de Donald Trump devem ser apresentadas em breve. A expectativa é que elas incluam um plano para a saída de forças estrangeiras do Afeganistão e um cessar-fogo por parte do grupo terrorista, o que impulsionaria o diálogo.
Um dos países de origem do grupo terrorista, o Paquistão também está envolvido nas conversas. O primeiro-ministro do país, Imran Khan, estava na visita a Doha no mês passado. Antes mesmo de assumir seu mandato, em julho de 2018, o líder paquistanês já pedia para que os Estados Unidos investissem em conversas de paz em vez de usar a força militar para terminar o conflito na região.
Origem
O Talibã surgiu nos anos 1990, depois da retirada das tropas soviética do Afeganistão. Suas raízes foram criadas em seminários religiosos, financiados pela Arábia Saudita, que pregavam um islamismo radical, de linha sunita. Derrubado do poder com a invasão americana do país em 2001, o grupo se tornou uma das mais atuantes organizações terroristas no Afeganistão e no Paquistão. Um de seus ataques mais conhecidos foi contra a jovem ativista Malala Yousafzai, que foi baleada aos 15 anos por defender a edução das meninas, rejeitada pelos extremistas. Malala recebeu o Nobel da Paz em 2014.
(Com Estadão Contéudo)