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Líbia proclama sua ‘libertação’ três dias depois da morte de Kadhafi

Por Por Jay Deshmukh
23 out 2011, 18h02

As novas autoridades líbias proclamaram neste domingo diante de milhares de pessoas em Benghazi (leste) a “libertação” da Líbia, abrindo o caminho para a formação de um governo de transição após 42 anos de tirania de Muamar Kadhafi, morto na quinta-feira em Sirte.

“Declaração de libertação. Levantem suas cabeças. São líbios livres”, declarou o vice-presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT) e porta-voz das novas autoridades do país, Abdel Hafez Ghoga, durante uma cerimônia celebrada três dias depois da queda de Sirte, último bastião kadhafista, e da morte do ex-líder líbio.

A proclamação deste domingo foi ofuscada pela polêmica em torno da morte de Kadhafi. O número dois do CNT, Mahmud Jibril, assegurou que o coronel tinha sido morto em uma troca de tiros durante a sua transferência para um hospital.

Mas as imagens e vídeos feitos no momento de sua prisão em Sirte, sugerem outras hipóteses, entre elas a de uma execução sumária.

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Outra autoridade do CNT explicou que o corpo será entregue a seus parentes, que, “de acordo com o CNT”, decidirão em que local será sepultado.

Milhares de pessoas, agitando bandeiras nas cores verde, preta e vermelha da nova Líbia, se concentraram na praça central de Benghazi, segunda maior cidade do país, que originou a revolta iniciada em meados de fevereiro contra o regime de Kadhafi, para acompanhar a cerimônia de proclamação.

A cerimônia começou com o novo hino nacional e posteriormente as novas autoridades manifestaram a sua felicidade e orgulho pela libertação do país, interrompendo seus discursos com vibrantes “Ala Akbar” (“Deus é o maior”).

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Também prestaram homenagem aos combatentes mortos. Familiares daqueles que morreram em combate exibiram fotografias de seus entes queridos.

O presidente do CNT, Mustafá Abdul Jalil, reiterou em seu discurso que a nova Líbia “como país islâmico, adotará a sharia (lei islâmica) como lei fundamental”.

O anúncio oficial do fim de oito meses de rebelião armada deve representar o início de um processo político que deve terminar com a convocação de eleições gerais em um período de cerca de 20 meses.

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Segundo o mapa do caminho apresentado em setembro, o CNT deve promover a formação de um governo de transição um mês depois, no mais tardar, do anúncio da libertação.

Esse governo deverá organizar dentro de oito meses a eleição de uma Assembleia Nacional que designará um comitê encarregado de redigir uma nova Constituição, e organizará eleições gerais em um prazo máximo de um ano.

No entanto, as várias disputas dentro do CNT podem complicar as negociações para a formação de um governo. A formação enfrenta tensões entre liberais e islamitas, com tensões regionais, rivalidades tribais, ambições individuais e a cobiça pelo controle do petróleo.

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Em Washington, o presidente Barack Obama saudou a nova era promissora na Líbia e pediu um “processo de reconciliação nacional” para que o país se torne uma nação segura e democrática.

“Em nome do povo americano, felicito o povo da Líbia neste dia histórico de proclamação da libertação. Após quatro décadas de uma ditadura brutal e oito meses de violento conflito, o povo líbio pode festejar sua liberdade e o começo de uma nova era promissora”, ressaltou Obama em uma declaração escrita.

Londres destacou “uma vitória histórica para o povo líbio” e Paris ressaltou “a coragem, a união e a dignidade” dos líbios. O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, assegurou que a determinação dos líbios “inspirou o mundo”.

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Mas as novas autoridades líbias também precisam enfrentar as críticas pela morte do antigo líder líbio.

O ministro da Defesa britânico, Philip Hammond, considerou neste domingo que a reputação das novas autoridades líbias ficou “um pouco ofuscada” pela morte de Kadhafi.

A viúva de Kadhafi e diversas organizações internacionais, entre elas a ONU com o apoio dos Estados Unidos, pediram uma investigação. O presidente do CNT, Mustafá Abdul Jalil, confirmou no sábado que o CNT já começou a investigar.

Entrevistado no sábado à noite pela rede britânica BBC, Mahmud Jibril se disse “totalmente de acordo” com a abertura de uma investigação internacional.

Desde sexta-feira, os cadáveres de Kadhafi e de seu filho Muatasim (morto também em Sirte) estão expostos em uma câmara frigorífica em Misrata. Milhares de cidadãos já passaram pelos corpos para se certificar de que o “inimigo” está morto.

Um jornalista da AFP constatou que o corpo de Muatasim apresenta costuras pela necropsia à qual foi submetido no sábado, segundo o CNT, mas não há sinal de necropsia no corpo de Kadhafi.

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