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Líbia fecha gasoduto que abastece a Itália

Parte do gás é encaminhado a outros países europeus. Danos econômicos e de abastecimento não devem ser graves

Por Da Redação
22 fev 2011, 18h33

O único gasoduto que liga a Líbia à Itália – e ao restante da Europa – teve seu funcionamento suspenso por causa da violência no país árabe, anunciou nesta terça-feira a gigante de petróleo e gás italiana ENI. A empresa e o governo da Itália garantem, porém, que a interrupção não colocará em risco o abastecimento do país.

“Devido à suspensão temporária de algumas atividades relacionadas à produção de gás natural na Líbia, o fornecimento através do gasoduto Greenstream está suspenso”, informou a ENI, precisando que o gás líbio representava cerca de 10% das necessidades do produto na Itália. O Greenstream possui 520 quilômetros de comprimento e uma capacidade de oito bilhões de metros cúbicos por ano.

Partindo de Mellitah na Líbia, ele chega a Gela, na Sicília (sul da Itália). O gás que transita pelo Greenstream é proveniente de duas jazidas (Bahr Essalam e Wafa) exploradas pela ENI e a companhia nacional líbia NOC. Por causa da instabilidade no país, a empresa de energia italiana suspendeu algumas atividades na Líbia, mas o grupo não precisou qual proporção de sua produção tinha sido afetada no total.

Produção e exportação – A ENI é a principal produtora estrangeira no país, com uma produção de 244.000 barris por dia – ou cerca de 640.000 barris, se for contabilizada a produção da companhia nacional líbia NOC que trabalha em parceria. O grupo italiano vende também parte do gás líbio para terceiros, como para a empresa italiana Edison e para a francesa GDF Suez, mas é difícil saber qual é proporção exata do que parte para o resto da Europa.

A Líbia exporta ainda gás natural liquefeito por via marítima para a Espanha, segundo a Agência Internacional de Energia. No entanto, as quantidades são ínfimas (1,5 milhão de metros cúbicos por dia) se comparadas às que passam pelo Greenstream. Após o anúncio desta interrupção, a ENI procurou tranquilizar, informando que tinha “capacidade de lidar com a demanda de gás de seus clientes”.

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Sabotagem – Um colunista da revista Time disse na terça-feira, citando uma fonte próxima ao governo líbio, que Kadafi ordenou que suas forças de segurança sabotassem instalações petrolíferas do país. Em artigo publicado no site da revista, Robert Baer disse que a sabotagem começará pela explosão de oleodutos que chegam ao Mediterrâneo. Mas ele acrescentou que a mesma fonte havia lhe dito há duas semanas que os distúrbios nos países vizinhos jamais chegariam à Líbia, previsão que se revelou errada.

“Entre outras coisas, Kadafi ordenou aos serviços de segurança que comecem a sabotar as instalações petrolíferas”, escreveu Baer. “A sabotagem, segundo o informante, se destina a servir como mensagem às tribos rebeladas da Líbia: sou eu ou o caos.”

Baer, ex-agente da Agência Central de Inteligência (CIA) no Oriente Médio, disse que a fonte lhe informou que até segunda-feira Kadafi contava com a lealdade de apenas cerca de 5.000 membros do Exército, que tem um total de 45 mil soldados. Parafraseando essa fonte, ele disse que Kadafi também ordenou a libertação de militantes islâmicos, na expectativa de que eles também contribuam para semear o caos.

Violência – A repressão na Líbia seguiu ganhando força nesta terça-feira, com o reaparecimento do ditador Muamar Kadafi. A Organização das Nações Unidas (ONU) convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança para discutir o caos que se instaurou pelo país. Estima-se que o número de mortos nos conflitos até agora esteja em torno de 250, embora organizações não-governamentais afirmem que as vítimas possam passar de 400.

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A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, exigiu o início de uma “investigação internacional independente” sobre a repressão e pediu o “fim imediato das graves violações dos direitos humanos cometidas pelas autoridades líbias”. Ela ainda advertiu o governo de que “os ataques sistemáticos contra a população civil” podem ser considerados crimes contra a humanidade.

Discurso – Em pronunciamento transmitido ao vivo pela TV estatal nesta terça-feira, Kadafi afirmou que nunca deixará o poder. Sem reconhecer o levante dos manifestantes que exigem sua saída do cargo que ocupa há 42 anos, ele enfatizou que lutará até a última gota de seu sangue e pediu aos líbios que “o amem” e que enfrentem a partir deste noite “os ratos que semeiam os distúrbios” no país.

O ditador voltou a dizer que, se necessário, usará a violência para reprimir os protestos. Apesar dos pronunciamentos, a estabilidade de Kadafi parece estar em risco. Além dos protestos, ele já perdeu o apoio de vários integrantes do governo, que seguem renunciando a seus cargos em massa, como fez o embaixador do país nos Estados Unidos nesta terça.

(Com agência France-Presse e Reuters)

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