Dezenas de milhares de libaneses foram às ruas de Beirute nesta quinta-feira para homenagear o ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, assassinado há exatos três anos. A data está sendo marcada em todo o país, e em especial na Praça dos Mártires, no centro da capital, onde acontecem as maiores manifestações. As estradas que ligam Beirute ao resto do país também foram tomadas por simpatizantes do político carregando bandeiras do Líbano.
Um dos principais opositores da influência da Síria no país a surgir nos últimos anos, Hariri comandou a reconstrução do Líbano quando esteve no governo, depois do fim da guerra civil. Sua morte mergulhou o país numa profunda fase de instabilidade. Nos últimos anos, uma série de atentados a bomba matou diversos políticos e jornalistas opositores à influência síria no país.
Apesar de um tribunal estabelecido pela ONU já ter traçado até Damasco a ordem para matá-lo, o governo sírio permanece indiferente à repercussão internacional. A única coisa que fez, nos meses subseqüentes ao assassinato de Hariri, foi retirar tropas que ocupavam o território libanês há 29 anos.
Risco de confronto – O Exército libanês reforçou o contingente para garantir a segurança nas manifestações desta quinta. Além de o evento representar, por si só, um risco à população – dividida entre os anti-Síria e os pró -, o risco de um confronto aumentou de forma preocupante nesta quarta, com o anúncio da morte do terrorista Imad Mughniyah, um dos comandantes do grupo Hezbollah. Um carro-bomba detonado em Damasco tirou-lhe a vida na terça-feira.
Os fanáticos do Hezbollah não tiveram dúvidas em marcar o funeral do líder para o mesmo dia das homenagens a Hariri – o Hezbollah conta com o apoio da Síria e do Irã. O enterro de Mugniyah será realizado a poucos quilômetros de distância do local da manifestação em homenagem a Hariri, em Beirute.