Lava de vulcão na Espanha avança sobre o mar e ventos aumentam risco
Especialistas agora alertam para a piora na qualidade do ar em áreas residenciais próximas e pedem que população tome precauções
A lava expelida pelo vulcão do parque Cumbre Vieja, na ilha de La Palma, na Espanha, continua avançando sobre o mar nesta quinta-feira, 30, e já cobriu uma área maior que 25 campos de futebol. Agora, especialistas alertam para a piora na qualidade do ar em áreas residenciais próximas, à medida que uma mudança na direção dos ventos pode levar dióxido de enxofre liberado pela erupção.
Especialistas pedem que a população mais próxima ao vulcão tome precauções, principalmente a partir de sexta-feira. O município de Tazacorte, onde o fluxo de lava chegou ao mar na terça-feira já mediu valores altos de dióxido de enxofre, que estão acima dos padrões de qualidade do ar, mas ainda não representam perigos à saúde.
O problema agora pode chegar a Los Llanos de Aridane e El Paso, motivo pelo qual são recomendadas precauções especiais: permanecer dentro de casa, a menos que seja necessário sair, e utilizar máscaras FFP2, especialmente para pessoas com problemas respiratórios, idosos, crianças e mulheres grávidas.
De acordo com os últimos dados do sistema de satélites europeu de monitoramento terrestre Copernicus, desde a erupção do vulcão, em 19 de setembro, a lava cobriu 338,3 hectares, incluindo o espaço que ganhou do mar desde a noite do dia 28, enquanto as cinzas se espalharam por 1.752,8 hectares.
Já são 981 edifícios afetados, 855 deles destruídos, e há danos em 29,8 quilômetros de estradas, dos quais 27,4 quilômetros estão devastados. A altura atual da nuvem de cinzas é de 5.000 metros acima do nível do mar.
Com temperatura de mais de 1.000°C, a lava, entretanto, segue previsões e flui para o oceano em uma corrente contínua, descendo em cascata e criando um delta com uma frente larga, que já atingiu uma profundidade de 24 metros no mar, de acordo com o Instituto Geográfico Nacional da Espanha.
O presidente das Ilhas Canárias, Ángel Víctor Torres, em entrevista à uma emissora de rádio local, afirmou esperar que o fluxo de lava deixe de se expandir, dado o efeito devastador que teve sobre as casas e fazendas, após a abertura de um canal que o direciona para o mar, onde continua a fluir “normalmente”.
Desde que a lava chegou ao mar, o fluxo principal mostrou “alguma estabilidade”, com “transbordamentos em alguns pontos” e “um ramo que se separou do eixo principal”, mas a tendência é a canalização do magma, segundo o Plano de Emergência Vulcânica das Ilhas Canárias (Pevolca).
Na área de contato do magma com a água, forma-se uma nuvem de vapor de água e possivelmente gases tóxicos, fenômeno que, por enquanto, está concentrado em uma pequena área.
Embora o processo de erupção ainda esteja ativo, os fluxos de lava restantes estão praticamente inativos. A estabilidade no fluxo de lava permitiu que os agricultores checassem os cultivos, alimentassem o gado ou saíssem de casa por razões de emergência para buscar algo.
Cerca de 6 mil pessoas foram evacuadas devido à atividade do vulcão Cumbre Vieja, enquanto as cidades de San Borondón, Marina Alta, Marina Baja e La Condesa permanecem confinadas, assim como as zonas de exclusão de 2,5 quilômetros em torno do cone vulcânico e a zona de exclusão de 2 milhas náuticas.