Kofi Annan quer reunião com Irã sobre situação da Síria
Visita faz parte da estratégia do enviado de buscar apoio com países da região
O mediador da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, deverá visitar o Irã para abordar a situação de violência na Síria, confirmou nesta sexta-feira em Genebra o seu porta-voz, Ahmad Fawzi. Contudo, ainda não há uma data definida para a reunião.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram mais de 9.400 pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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“Neste momento, estamos discutindo datas convenientes para todos com as autoridades iranianas. Annan pretende ir a Teerã, mas isso não está confirmado ainda”, disse o representante do mediador.
O interesse de Annan em visitar o Irã para abordar a crise síria faz parte de sua estratégia de se reunir com as autoridades de países-chave na região e buscar apoio para a sua missão de mediação. Como parte da missão que recebeu, o ex-secretário-geral das Nações Unidas visitou até agora Egito, Turquia, Emirados Árabes, China e Moscou. As próximas duas visitas que planeja são ao Irã e Arábia Saudita.
A principal mensagem que ele transmite nessas reuniões é da importância da ‘unidade da comunidade internacional por seu plano, que é o único existente’ para pôr fim à violência política na Síria, disse Fawzi. O porta-voz acrescentou que ‘é importante que o massacre termine, que os abusos aos direitos humanos e a violência cessem’, embora também tenha admitido que ‘não podemos dizer qual será o próximo passo se isto não acontecer já’.
Plano – Annan apresentou há mais de três semanas ao governo sírio um plano para deter a violência, com propostas concretas que se centram no fim das hostilidades, na libertação dos presos políticos e no acesso da ajuda humanitária, assim como da imprensa. De acordo com o seu porta-voz, é responsabilidade das autoridades sírias ‘implementar o plano de maneira rápida, efetiva e integral’, o que ‘só pode acontecer se houver unidade na comunidade internacional’.
A imprensa oficial síria divulgou na quinta-feira o conteúdo de uma carta enviada pelo ditador sírio, Bashar Assad, ao grupo de países emergentes (China, Rússia, Brasil, Índia e África do Sul), na qual afirma que fará o possível para aplicar o plano de Annan, mas manifesta suas reservas em relação aos grupos rebeldes, que poderiam ‘se aproveitar’ da situação. Em relação a isso, Fawzi disse que ‘está claro que não vimos o fim das hostilidades e isso preocupa a todos’.
Na próxima segunda-feira, Annan fará uma apresentação desde Genebra por videoconferência ao Conselho de Segurança da ONU sobre os avanços em sua missão.
(Com agência EFE)