Khamenei chama Trump de “palhaço” por pretender apoiar os iranianos
Em rara aparição pública, líder supremo do Irã defende Guarda Revolucionária por queda de avião ucraniano
Em seu primeiro sermão publico desde 2012, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, chamou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de “palhaço” nesta sexta-feira, 17, por pretender dar apoio aos iranianos e fincar-lhes uma adaga pelas costas. Sua declaração responde às manifestações de Trump de suporte à população do país.
No sermão, o líder defendeu a Guarda Revolucionária Iraniana (GRI) da crescente indignação popular causada pelo abate de uma aeronave ucraniana. Todos os 176 passageiros e tripulantes morreram. Khamenei descreveu a queda do avião como “uma tragédia amarga” utilizada pelos “inimigos do Irã” para “enfraquecer” a guarda revolucionária.
“A queda do avião foi uma tragédia amarga. Ela queimou nossos corações”, disse o líder supremo em Teerã, capital do país. “Mas tentaram representá-la de uma maneira que ocultasse o grande martírio e sacrifício [do general Qasem Soleimani].”
Comandante das forças de elites da GRI, Soleimani fora morto em ataque aéreo dos Estados Unidos em Bagdá no último dia 3. Cinco depois, o Irã disparou dezenas de mísseis balísticos contra as bases de Al Asad e Erbil, no Iraque, que abrigam tropas americanas. Na mesma noite de 8 de janeiro, o avião civil ucraniano foi derrubado em Teerã. O governo iraniano admitiu a culpa pelo abate da aeronave somente três dias depois.
“Nossos inimigos estavam tão felizes com o acidente de avião quando nós estávamos tristes. Ficaram felizes em encontrar algo para questionar a Guarda (revolucionária), o Exército e o nosso sistema”, completou Khamenei.
Durante o sermão, Khamenei comemorou o ataque contra as tropas americanas, dizendo que foi um “tapa com a mão de Deus contra os Estados Unidos”. “O fato de o Irã ter o poder de dar um tapa em uma potência mundial mostra a mão de Deus ao nosso lado”, afirmou.
Após a queda da aeronave, iranianos foram às ruas para protestar contra o regime e pedir a renúncia de Khamenei. Espalhados pelas principais cidades do país, manifestantes pisavam em fotos de Soleimani e cantavam palavras de ordem contra o governo. Khamenei questionou em seu sermão as “poucas centenas” de pessoas que vandalizaram a imagem do general. “São eles os iranianos de verdade?”.