Karadzic diz que merece prêmio por tentar parar guerra
Ex-dirigente acusado de crimes na Guerra da Bósnia iniciou defesa no TPII
O ex-presidente da República da Sérvia, Radovan Karadzic, disse nesta terça-feira durante sua primeira audiência de defesa em seu julgamento no Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII) que ele deveria “ser premiado” por tentar pôr fim à guerra que assolou a Bósnia entre 1992 e 1995. Karadzic é acusado de crimes de guerra e contra a humanidade, com destaque para o genocídio de quase oito mil muçulmanos na cidade bósnia de Srebrenica, em 1995.
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“Deveria ser premiado e não acusado pelas coisas que fiz para acabar com a guerra”, disse o ex-político. Definindo-se como um homem culto e “de formas suaves, que sabe entender os outros”, Karadzic afirmou que nunca discriminou a população muçulmana da Bósnia, que ele acusa de ter iniciado o conflito.
“É um equívoco pensar que os sérvios começaram a guerra na Bósnia. O início da guerra não tem nada a ver comigo”, afirmou perante os juízes. “Eu nunca permiti o menor dos crimes”, manteve em sua alegação, antes de afirmar que “ninguém podia pensar que ocorreria um genocídio de pessoas que considerávamos iguais”. Ele disse que se limitou a “defender a unidade territorial da antiga Iugoslávia”.
Inocência – Em junho, a defesa de Karadzic pediu à corte em Haia a absolvição do réu, com a alegação de que não houve genocídio na Bósnia. O massacre de Srebrenica é considerado o mais cruel na Europa desde a II Guerra Mundial. Espera-se que ex-dirigente sérvio, que conta com um total de 300 horas para desenvolver sua defesa, convoque ainda nesta terça-feira a primeira das testemunhas a que tem direito.
Além de Karadzic, o ex-general sérvio Ratko Mladic também está sendo julgado pelo Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia por crimes de guerra e contra a humanidade na Guerra da Bósnia.
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(Com agência EFE)