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Jurista de Harvard assume o poder político de Dalai Lama

Com a mudança histórica, a figura do premiê terá uma importância renovada - mas o líder espiritual continuará tomando as principais decisões políticas

Por Da Redação
8 ago 2011, 08h54

O jurista educado em Harvard, Lobsang Sangay, recebeu nesta segunda-feira de Dalai Lama a missão de conduzir o poder político do governo tibetano no exílio, em cerimônia em que prometeu negociar com a China uma maior autonomia para o Tibete. Sangay, que nunca visitou o Tibete, sucederá o Dalai Lama em uma mudança histórica na política tibetana. A figura do novo premier terá uma importância renovada, mas Dalai Lama, de 76 anos, manterá a posição como líder espiritual e tomará as principais decisões políticas.

Sangay, de 43 anos, jurou nesta segunda-feira o novo cargo de primeiro-ministro (“kalon tripa”) do governo no exílio na localidade ao norte da Índia de Dharamsala, região em que Dalai Lama refugiou-se após a fracassada revolta tibetana contra a China em 1959. O desafio de Sangay é grande: o líder espiritual tem uma profunda influência sobre os tibetanos, enquanto o novo primeiro-ministro é pouco conhecido fora de algumas alas da comunidade no exílio.

“Guiado pela sabedoria de nossos ancestrais, me disponho a continuar com a política que procura uma autonomia genuína para o Tibete dentro da China”, proclamou Sangay em seu discurso. Da cerimônia participaram milhares de pessoas que ouviram sob chuva o primeiro discurso de seu novo primeiro-ministro, quem estava acompanhado por Dalai Lama.

“Demos todas as responsabilidades políticas ao líder eleito democraticamente”, proclamou em língua tibetana Dalai Lama – quem conserva a autoridade como líder espiritual budista -, em declarações da imprensa indiana. O juramento ocorreu às nove horas, nove minutos e nove segundos, um momento considerado especialmente propício pelas autoridades tibetanas, e durante o mesmo Sangay recebeu o selo centenário do Kashag (gabinete), usado desde o século 18.

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Missão – Sangay é o primeiro “kalon tripa” que assume plenos poderes políticos e administrativos nas instituições do exílio, depois que Dalai Lama anunciou em março seu desejo de concentrar-se em suas tarefas religiosas. “A Carta tibetana recolheu em maio o desejo do Dalai Lama, portanto está claro que Sangay tem agora os poderes políticos, embora a formação de seu gabinete somente deva ocorrer em setembro”, informou à agência EFE um porta-voz do Parlamento tibetano no exílio, Tenzin Norbu.

Sangay venceu com folga as eleições de março da comunidade tibetana no exílio, e os analistas coincidem em apontar como a missão mais urgente é pôr ordem à sucessão do líder espiritual tibetano e dar continuidade ao movimento. O governo tibetano no exílio não é reconhecido formalmente por nenhum país e precisa de autoridade sobre Tibete, mas o fato de ter sede na Índia é uma das maiores disputas entre esse país e a China, onde está o território.

Nesta segunda-feira, Sangay agradeceu à comunidade internacional pela ajuda prestada aos tibetanos no exílio, e ressaltou que sua luta não é contra “o povo chinês”, nem contra “China como estado”, mas contra as “políticas de linha dura” que esse país pratica no Tibete. “Após 70 anos, o Tibete não é o paraíso socialista como profetizaram os funcionários chineses. Não há socialismo no Tibete, mas colonialismo”, declarou Sangay, que referendou o compromisso de seu governo com a “luta pacífica”.

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Tibete – O novo ‘kalon tripa’ encarna uma geração de dirigentes tibetanos que nunca visitaram seu território, nascidos no exílio e chamados a conduzir o movimento no lugar de dalai lama, que com sua renúncia política buscava ordenar sua sucessão. Sangay foi educado em uma escola para refugiados tibetanos na cidade nortista indiana de Darjeeling, e após estudar Direito na Universidade de Délhi, transferiu-se para Harvard com uma bolsa de estudos de doutorado da Comissão Fulbright.

Dalai Lama fez várias tentativas de diálogo com as autoridades chinesas para alcançar uma solução na disputa pelo Tibete, um desértico e pouco povoado planalto situado na vertente norte do Himalaya. Atualmente, 140.000 tibetanos vivem no exílio, a maioria deles na Índia.

(Com agência EFE)

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