Cairo, 5 mai (EFE).- A Junta Militar prorrogou o toque de recolher nos arredores do Ministério da Defesa, no bairro cairota de Abassiya, desde as 23h locais (18h de Brasília) desta noite até as 7h (2h de Brasília), informou uma fonte militar.
A fonte explicou à agência oficial ‘Mena’ que a cúpula militar decidiu continuar com a medida de exceção neste bairro e em seus acessos, onde ontem manifestantes e militares travaram uma batalha campal que terminou com pelo menos um soldado morto e centenas de feridos.
Segundo as autoridades, 82 dos feridos continuam internados em hospitais da capital egípcia.
Por outro lado, a Procuradoria Militar ordenou hoje que 300 detidos pela polícia militar nos incidentes de Abassiya permaneçam sob custódia durante 15 dias.
Uma fonte militar explicou ao site do jornal ‘Al-Ahram’ que os detidos enfrentam acusações de agressão contra uma instituição do Estado, uso da violência contra as Forças Armadas, interrupção da circulação e do transporte público, reunião ilícita, e permanência em lugares militares.
A Procuradoria Militar decidiu pôr em liberdade hoje as 15 mulheres detidas ontem durante os distúrbios, anunciou o presidente do Poder Judiciário Militar, o general Adel el Mursi, acrescentando que ainda não há um número de acusados, porque as investigações não acabaram.
O grupo conservador islâmico Irmandade Muçulmana responsabilizou em comunicado a Junta Militar pelos mortos e feridos registrados durante os confrontos em Abassiya.
Além disso, a Irmandade Muçulmana condenou a detenção de dezenas de manifestantes e sua apresentação perante a Procuradoria Militar, ‘enquanto nenhum dos atiradores que mataram manifestantes pacíficos foi detido, e isso causa estranheza’.
Os distúrbios de Abassiya ocorreram depois que supostos agitadores violentos teriam atacado nesta semana os manifestantes contra o Ministério da Defesa, causando a morte de nove deles.
Por outra parte, a Irmandade Muçulmana repudiou a agressão e a detenção de jornalistas durante sua cobertura dos enfrentamentos em Abassiya, e por isso exigiram sua pronta libertação.
Nessa mesma linha, o Sindicato Egípcio de Jornalistas denunciou após uma reunião de urgência as ‘agressões que afetaram jornalistas, câmeras e correspondentes de canais de televisão’ ontem no Cairo.
Em comunicado, o sindicato criticou o fato de vários dos informadores terem permanecido várias horas incomunicáveis, em uma onda de violência contra jornalistas que aconteceu apenas um dia depois da celebração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. EFE