Juiz dos EUA ordena interrupção de deportações de famílias reunificadas
Grupo de direitos civis acusa governo americano de dar 'poucas horas' aos imigrantes para decidir se vão iniciar o processo de refúgio
Um juiz dos Estados Unidos ordenou nesta segunda-feira, 16, que o governo do presidente Donald Trump pare temporariamente de deportar as famílias que foram reunificadas, depois de terem sido separadas na fronteira com o México como consequência da aplicação da política da Casa Branca de tolerância zero com a imigração.
Como resultado de uma moção apresentada pela União Americana de Liberdades Civis (Aclu, na sigla em inglês) para evitar “deportações em massa”, o juiz Dana Sabraw determinou que o governo não expulse do país durante a próxima semana nenhuma dessas famílias, para que elas possam decidir se vão solicitar refúgio.
O grupo de direitos civis apresentou o pedido que levou a Justiça a ordenar a reunificação familiar, em junho. Hoje, assinalou que “persistem” rumores sobre as “poucas horas” concedidas aos pais para decidirem se retornarão a seu país de origem ou se iniciam o processo judicial para ser considerados refugiados.
Sabraw deu razão aos argumentos da Aclu de que é necessária uma semana para tomar uma decisão “extremamente complexa”.
O magistrado deu prazo ao governo até o dia 23 para responder às questões colocadas pela Aclu e decidiu que, até lá, nenhum imigrante ilegal que foi separado de seus filhos na fronteira deverá ser deportado.
A Aclu afirmou em seu pedido que a decisão se tornou mais complicada depois que o Departamento de Justiça anunciou, em 11 de junho, que “não serão elegíveis para o refúgio” os imigrantes vítimas de violência doméstica e de gangues, motivos frequentemente alegados pelos centro-americanos.
Por ordem do próprio Sabraw, o governo Trump tenta entregar cerca de 3.000 imigrantes menores de idade a seus pais ou responsáveis até o dia 26 de julho. Na terça-feira, 10, a primeira etapa de entrega dos 103 menores de 5 anos de idade foi suspensa por questões relacionadas às crianças. Apenas 57 delas puderam se reencontrar com seus pais.
A Aclu indicou hoje que recebeu duas listas do governo sobre os menores que ainda permanecem separados. Ao todo, os nomes de 1.600 adultos e 2.500 crianças aparecem no documento.
A organização assegura ter conhecimento de que a reunificação dos menores com entre 5 e 18 anos já começou. Mas pondera que esses imigrantes estão em “grave risco” de “serem reunificados apenas para serem imediatamente deportados, sem que saibam todas as informações” sobre suas opções de refúgio, apesar de se tratar de casos de “vida ou morte”.
(Com EFE)