Juiz começa investigação oficial das escutas ilegais
Vítimas que tiveram telefones grampeados por tabloides serão ouvidas
O juiz britânico Lord Leveson iniciou nesta segunda-feira a investigação sobre o caso das escutas ilegais do tabloide dominical The News of the World. O magistrado deverá avaliar “a cultura, a prática e a ética da imprensa” após o escândalo.
Entenda o caso
- • O tabloide News of the World recorria a detetives e escutas telefônicas em busca de notícias exclusivas.
- • Entre as vítimas dos grampos estão celebridades, políticos, membros da família real e até parentes de soldados mortos.
- • Policiais da Scotland Yard também teriam sido subornados para fornecer informações em primeira mão aos jornalistas.
- • O escândalo forçou o fechamento do jornal sensacionalista, que circulou por 168 anos e era um dos veículos do grupo News Corp., do magnata Rupert Murdoch.
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Durante a investigação, cuja duração está estimada em um ano, Leveson pedirá a várias vítimas da espionagem jornalística – entre elas a escritora J.K. Rowling e o ator Hugh Grant – que prestem depoimento no Royal Court of Justice, edifício onde funciona o Tribunal Superior de Londres. Além disso, o juiz deverá considerar se o sistema de autorregulações da imprensa britânica apresenta bons resultados.
Assim que for concluída esta primeira parte da apuração – sobre ética jornalística – o juiz terá de avaliar a conduta da imprensa, embora esta segunda parte precisará esperar a conclusão da investigação executada pela polícia sobre os grampos ilegais do The News of the World.
“Eu considero que a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa são fundamentais para nossa democracia. Mas essa liberdade deve ser exercida levando em conta o direito dos outros”, afirmou Leveson ao dar por iniciada a investigação, determinada em julho pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron.
Testemunhas – A imprensa – acrescentou o juiz – atua como “guarda” de “todos os aspectos da vida pública”, mas especificou que esta apuração deve considerar outra pergunta: “Quem vigia os guardiões?”. As primeiras testemunhas, cujos nomes ainda não foram divulgados, serão convocadas na próxima semana.
O magistrado estimulou os diretores dos jornais e revistas a se reunirem e estudarem os assuntos que serão abordados nesta investigação para que apresentem a ele algumas propostas sobre a melhor maneira de regular a imprensa britânica. “Estas ideias devem refletir as liberdades fundamentais às quais me referi”, destacou Leveson.
As investigações começam quatro dias depois do segundo depoimento de James Murdoch ao Parlamento britânico. O diretor da News International, filial britânica do conglomerado News Corp. e reponsável pela publicação do jornal sensacionalista, negou conhecer o esquema de grampos, apesar de ex-colegas de trabalho garantirem que ele foi informado sobre a prática.
(Com agência EFE)