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Jovens mauritanas ganham peso para ficarem belas

Por Da Redação
27 dez 2011, 09h04

Maarouf Ould Daa.

Nouakchott, 27 dez (EFE).- A magreza está relacionada com os padrões de beleza no Ocidente, porém, há culturas, como na Mauritânia, onde o excesso de peso entre as mulheres é quase um requisito para arrumar um bom casamento.

Na região saariana, desde o sul do Marrocos até o rio Senegal, o ideal tradicional de mulher formosa é baseado no excesso e vale tudo para ganhar peso. No entanto, esse conceito parece perder força com o amadurecimento dessas sociedades.

Há menos de 30 anos, as jovens mauritanas passavam longos períodos em ‘fazendas de engorda’, onde adotavam uma dieta hipercalórica à base de carnes vermelhas, manteiga e leite de camela, isso até conseguirem a consistência e o peso necessário para atrair um bom marido.

Atualmente, os métodos para ganhar peso são outros e muito mais modernos. Apesar de ninguém comentar em público sobre eles por ser um tema tabu, a engorda ou ‘lebluh’, como se chama no dialeto local, é mais que conhecido pelos habitantes da região.

As jovens mauritanas, por exemplo, ganham pesos com pastilhas e xaropes, os quais são vendidos livremente no mercado e sem necessidade de receita médica. Muitas vezes, as mulheres desta região usam até produtos de engorda animal.

Um grande número de mulheres costuma comprar esses remédios, cujos preços são relativamente baixos, entre R$ 2 e R$ 6, segundo disse à Agência Efe um farmacêutico de uma farmácia famosa no bairro Carrefour de Nouakchott.

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Segundo ele, estes remédios não apresentam riscos potenciais para a saúde, exceto em casos de alergia.

K.M.M. Salem, de 40 anos, é uma das que acredita que esses remédios são ‘saudáveis’ para as magras: ‘Aos meus 30 anos tomei esses remédios para combater meu estado doentio, que sofria desde minha infância e que me envergonhava diante das minhas companheiras e dos homens’.

Salem lembrou que as mulheres mauritanas de antigamente recorriam às práticas de obesidade à força para adquirir formas generosas antes da maturidade, coisa que agora rejeita categoricamente.

Para ela, há uma diferença entre o corpo de um homem ‘musculoso e rígido’ e de uma mulher ‘carnuda e suave’, embora isto seja diferente da obesidade, que para ela é uma doença.

Muntagha Ould Beyah, um vendedor ambulante, de 37 anos, considera as mulheres magras como sinônimo de ‘miséria e desnutrição’. ‘Essas mulheres só me dão pena, não desejaria me casar com uma delas’, disparou.

No entanto, Lalla Aicha, uma estudante de 17 anos e solteira, também denuncia o consumo de pastilhas e xaropes. Lalla assegura que ‘a prática da obesidade química (com remédios), quando apresenta resultados, é a mesma que as práticas medievais de engorda de nossas avós’.

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A jovem reconhece que muitos homens são admiradores de quadris e pernas carnudas, mas, a maioria deles, reprovam práticas duvidosas do ponto de vista da saúde.

A ativista social Jadiyetu Mint Mohamdi, membro do birô executivo da Associação de Mulheres Cabeça de Família na Mauritânia, ressaltou que um grande número de mulheres usa até pastilhas destinadas para gansos.

Além dos riscos que estes remédios podem causar, a própria obesidade já pode acarretar inúmeros problemas de saúde, como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes e reumatismo, lembrou Mohamdi em entrevista à Efe.

Mohamdi também apontou que a persistência dessa mentalidade na sociedade mauritana se deve à deficiente escolarização e reivindicou mais esforços por parte do governo pra contornar essa realidade.

Esse caminho é longo, já que se trata de mudanças de mentalidades. Afinal de contas, no país é conhecido o ditado que ‘uma mulher vale todo o ouro que cabe no espaço que ela ocupa em uma esteira’, ou seja, coxas maiores, mais ouro. EFE

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