Jornalistas são incriminados na Turquia por reportagem econômica
Dois repórteres da agência de noticias Bloomberg estão sendo investigados; outras 36 pessoas foram acusadas por comentários em redes sociais
Promotores da Turquia acusaram criminalmente 38 indivíduos, incluindo dois jornalistas da agência Bloomberg, pela suposta divulgação de notícias falsas e por provocar caos nos mercados financeiros locais.
O episódio renova preocupações sobre a liberdade de expressão sob o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan.
Promotores afirmam que uma reportagem da Bloomberg de agosto de 2018 foi uma tentativa de desestabilizar as instituições nacionais. A reportagem tratava das dificuldades enfrentadas pelos bancos de varejo para lidar com a desvalorização da lira turca.
Os réus, que foram acusados formalmente, podem pegar entre dois e cinco anos de prisão. Os repórteres da agência acusados são Kerim Karakaya e Fercan Yalinkilic, que fazem parte da sede turca da Bloomberg.
O editor-chefe da agência de notícias, John Micklethwait, condenou o episódio e disse que os jornalistas apenas reportaram de modo justo e preciso as notícias. “Nós os apoiamos totalmente e os apoiaremos ao longo desta provação”, afirmou.
Segundo a Bloomberg, outras 36 pessoas também foram indiciadas por seus comentários sobre a reportagem nas redes sociais. Os acusados supostamente criticaram a economia e os bancos turcos.
A primeira audiência do caso será realizada em 20 de setembro.
Líderes oposicionistas afirmam que a Promotoria busca combater a dissensão antes da realização de novo voto na disputa pela prefeitura de Istambul, marcada para 23 de junho.
O Partido Justiça e Desenvolvimento, de Erdogan, perdeu a votação de março por margem estreita, o que levou o governo a determinar a realização de uma nova disputa nas urnas.
Segundo Erdogan, a escolha do prefeito da maior cidade do país foi afetada pelo “crime organizado e por graves organizações de corrupção.”
(Com Estadão Conteúdo)