O jornalista francês Romeo Langlois, sequestrado pela guerrilha por mais de um mês no sul da Colômbia, confessou nesta quinta-feira que em alguns momentos temeu ter a mesma sorte de Indrid Betancourt, a política de nacionalidade colombiana e francesa refém das Farc entre 2002 e 2008.
“Como alguém não vai pensar no drama de Ingrid, em momentos difíceis, de solidão?”, disse Langlois em coletiva de imprensa em Bogotá, um dia depois de ter sido entregue pela guerrilha a uma missão humanitária na selva de Caquetá (sul).
“Obviamente pensei nisso, e muito. Mas pensava em momentos de tédio, de solidão. Sempre tentava racionalizar tudo. Desde o primeiro momento que me sequestraram era muito claro que me entregariam, que eu sairia dali, que eu era jornalista independente”, completou.
Langlois, de 35 anos e correspondente da rede de televisão France 24, caiu em poder das Farc em 28 de abril em Caquetá, quando a patrulha com a qual se deslocava para fazer uma reportagem sobre operações antidrogas foi atacada por guerrilheiros.
No combate com as Farc, quatro militares morreram e Langlois ficou ferido no braço, o que o levou a se entregar identificando-se como jornalista e civil desarmado, segundo informou nesta quinta-feira.
O repórter, que insistiu que diferentemente de outros reféns nunca foi amarrado, confessou no entanto que em algumas ocasiões temeu que a guerrilha o usasse como revanche da operação Jaque, com a qual as forças militares da Colômbia resgataram Betancourt em 2008, três americanos e 11 policiais e militares colombianos reféns das Farc.
As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) comprometeram-se em fevereiro passado a acabar com os sequestros de civis com fins de extorsão.
Fundadas em 1964, as Farc são a principal guerrilha da Colômbia, com cerca de 9.200 combatentes atualmente, de acordo com o Ministério da Defesa.