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Jornalista da Reuters relata tortura sofrida em prisão de Mianmar

Kyaw Soe Oo e Wa Lone estão em julgamento por obtenção de documento oficial; caso é tido como teste sobre a liberdade de imprensa no país

Por Da Redação
Atualizado em 24 jul 2018, 18h12 - Publicado em 24 jul 2018, 17h22

Kyaw Soe Oo, repórter da agência de notícias Reuters, declarou a um tribunal de Mianmar nesta terça-feira (24) ter sido torturado em um centro de interrogatório secreto da polícia depois de preso com um colega no ano passado. Ele relatou que teve sua cabeça coberta com um capuz preto, foi privado de sono e forçado a passar horas ajoelhado no chão.

Kyaw Soe Oo e outro jornalista da Reuters foram acusados de obter segredos de Estado. Na prisão, seus interrogadores se concentram no caso de uma reportagem na qual os repórteres estavam trabalhando sobre o assassinato de 10 muçulmanos rohingyas pelo Exército. Mas demonstravam desinteresse nos documentos que embasavam a apuração.

Os repórteres não tiveram acesso a seus familiares nem a seus advogados em 15 interrogatórios conduzidos por agentes da inteligência militar e de uma unidade especial da polícia, conforme relatou Kyaw Soe Oo ao juiz Ye Lwin, da corte de Yangon.

Kyaw Soe Oo, de 28 anos, e seu colega Wa Lone, de 32, enfrentam acusações ligadas à Lei de Segredos Oficiais, da era colonial do país, e estão sujeitos a pena máxima de 14 anos de prisão. O caso é visto como um teste da liberdade de imprensa de Mianmar. Ambos se declaram inocentes.

Eles disseram que os documentos lhes foram entregues por um policial durante um encontro em um restaurante nos arredores de Yangon no dia 12 de dezembro. Advogados de defesa disseram que as provas apresentadas pela acusação mostram que a polícia incriminou os jornalistas para interferir em sua reportagem.

Em seu depoimento, Kyaw Soe Oo disse que os dois foram presos imediatamente depois de saírem do restaurante e levados a uma delegacia, para depois serem conduzidos de carro a um centro de interrogatório especial da polícia no norte de Yangon chamado Aung Tha Pyay.

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“Eles colocaram capuzes pretos em nós do lado de fora da delegacia de Htaunt Kyant, e ficamos encapuzados até chegarmos a Aung Tha Pyay”, contou Kyaw Soe Oo. “Havia cerca de 10 interrogadores, que se revezaram me interrogando. Eles não nos deixavam descansar e fizeram perguntas durante três dias seguidos enquanto eu estava algemado.”

O capitão Myint Lwin, encarregado da delegacia de Htaunt Kyant, negou que os repórteres foram privados de sono e forçados a passar horas ajoelhados ao depor ao tribunal em junho.

O porta-voz do governo de Mianmar, Zaw Htay, disse que o governo “perguntou à força policial se eles praticam tortura ilegal ou não — a polícia disse que garante que não pratica tortura ilegal”. O governo não esclareceu o que seria “tortura legal”.

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Dados do Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) mostram que 262 foram presos no mundo todo no ano passado e 46, mortos. Neste ano, o CPJ registrou a morte de 34. Mianmar faz parte da lista dos 10 países que mais censuram a imprensa e mais prendem jornalistas.

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