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Jornalismo na Austrália está sob ataque, afirma repórter

Depois de denunciar que australianos seriam espionados pelo Estado, Annika Smethurst teve a casa invadida pela polícia

Por Leandro Resende
Atualizado em 25 out 2019, 07h00 - Publicado em 25 out 2019, 07h00

Jornais, rádios e emissoras de TV na Austrália deixaram as diferenças de lado e se engajaram, desde a última segunda-feira 21, em uma campanha para denunciar ataques que a imprensa daquele país tem sofrido do governo do primeiro-ministro Scott Morrison. As primeiras páginas foram cobertas com tarjas e a pergunta “quando o governo esconde a verdade de você, o que ele está acobertando?” foi veiculada nas propagandas, que defendem maior transparência do governo e respeito ao jornalismo profissional.

Tudo começou em 2018, quando a repórter Annika Smethurst, do jornal The Sunday Telegraph, do grupo News Corp, publicou uma denúncia de que o governo australiano planejava espionar e-mails, dados bancários e mensagens de texto trocadas pelos cidadãos do país. Em junho deste ano, a casa de Annika foi alvo de uma operação da Polícia Federal da Austrália, que levou seu celular e seu computador.

No mesmo mês, a sede da rede de televisão ABC também foi alvo da Polícia, após dois repórteres revelarem que as Forças Armadas australianas cometeram abusos durante operações de guerra no Afeganistão. Em conversa com VEJA, Annika afirmou que os casos revelam tentativa do governo Scott Morrison de “intimidar jornalistas”. “É algo totalmente sem precedentes. Sempre consideramos a Austrália um país com imprensa livre. Até hoje estou em choque que minha casa foi invadida por policiais”, contou.

A campanha levou o primeiro-ministro Morrison a dar uma declaração contraditória, segundo a jornalista. Ele afirmou que “nenhum jornalista será processado por capricho de políticos”. “Mas no mês passado, fez uma alteração em uma lei para dar ao procurador-geral o poder de processar jornalistas que revelam segredos do governo”.

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A investigação da Polícia Federal australiana ainda pode levar Annika à prisão. “Na minha carreira, nunca tive medo sequer de ser processada por expor a verdade e fazer o meu trabalho. Depois dessa ação, as fontes que querem denunciar abusos do governo estão com muito mais medo de falar. É importante garantir o sigilo das conversas dos repórteres”, afirmou.

É inegável que a história de Annika tem se tornado um exemplo da importância de se lutar pela liberdade de imprensa – papel que ela classifica como “inesperado”. “Meu caso expõe o risco de reportar sobre segurança nacional, mas, para além disso, revela diversos limites para o trabalho da imprensa australiana”, reflete.

Para Annika, jornalistas em diversos países estão sendo atacados e colocados em descrédito por políticos. E é fundamental que casos como o dela sirvam de alerta para reforçar a importância da imprensa livre. “Está cada vez mais difícil convencer o público sobre a relevância do papel do jornalista na democracia. Estamos, todos, sob ataque”.

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