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Jornal chinês diz que brasileiros ‘não são empenhados no trabalho’

Artigo do Global Times nega que a economia da China vá decair como a do Brasil e critica o pouco empenho dos brasileiros em poupar

Por Da Redação
Atualizado em 6 dez 2018, 16h40 - Publicado em 6 dez 2018, 16h31

Em artigo publicado nesta quarta-feira, 5, no jornal Global Times, da China, o editorialista Ding Gang afirmou que a economia do Brasil não foi capaz de prosperar como a de seu país porque os brasileiros não trabalham tanto quanto os chineses. O Global Times e o People´s Daily, com o qual Ding também colabora, são ambos meios da imprensa chinesa vinculados ao regime de Pequim.

“Os brasileiros não estão dispostos a serem tão empenhados e trabalhadores como os chineses”, diz o texto de Ding. “Eles tampouco valorizam a criação de poupança para as próximas gerações, como os chineses. No entanto, eles exigem viver com o mesmo bem-estar e benefícios dos países desenvolvidos”.

O texto surgiu como reposta a um artigo do jornal americano The New York Times, que comparou o desenvolvimento econômico da China com o brasileiro. Segundo o jornalista e comentarista político Bret Stephens, o país asiático estaria destinado a ver o seu crescimento decair, assim como aconteceu no Brasil na última década.

Para o Global Times, contudo, o articulista americano está errado, já que as duas nações têm diferenças culturais marcantes. Nas entrelinhas, a comparação entre as duas economias soou como uma blasfêmia em Pequim.

“Eu vivi no Brasil por três anos e entendi bem porque a economia brasileira se enfraqueceu e porque com a China seria diferente”, escreveu Ding, afirmando que a forma como os trabalhadores brasileiros se comportam explica a decadência do crescimento econômico do país. A tese, entretanto, não encontra fundamento na teoria e nas análises sérias sobre a economia brasileira.

A diferença fundamental, segundo Ding escreveu em seu artigo, “é que a cultura do Brasil torna o país inadequado para manufatura”. “A falta de manufatura não pode levar à industrialização e, finalmente, impossibilita o desenvolvimento sustentável”, teorizou.

“Como resultado, a economia do Brasil depende apenas da exportação de matérias-primas e commodities a granel. Em outras palavras, recursos abundantes limitaram o desenvolvimento da manufatura no Brasil”, diz Ding.

Ainda segundo o artigo, o desenvolvimento chinês “tem problemas e desafios”, mas a população local “tem um enorme potencial para buscar a felicidade pessoal e familiar”. A tese, assim como a anterior, também é suscetível a ampla contestação, com base em dados reais.

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“A China é um país tão grande que é generalizante citar um exemplo [de outro país] para provar que suas perspectivas são sombrias”, diz. “Se você quer aprender sobre o futuro da China, você deve saber como os chineses aprendem, trabalham e vivem”, completa o texto.

Além de uma resposta ao The New York Times, o artigo também conter mais uma provocação ao Brasil, depois de posicionamentos controversos do presidente eleito Jair Bolsonaro, sobre a futura relação bilateral

Durante a campanha, Bolsonaro afirmou que a China tentava dominar importantes setores da economia brasileira e que seu governo reduziria o comércio com o país asiático. Em fevereiro, o então deputado federal se tornou o primeiro candidato à Presidência a visitar Taiwan desde que o Brasil reconheceu Pequim como o único governo chinês, nos anos 1970. O posicionamento do brasileiro é considerado inaceitável pela China e gerou um clima de tensão.

Nos últimos meses, contudo, Bolsonaro e seu governo adotaram um posicionamento mais flexível e negaram qualquer intenção de afastar o Brasil da China. O presidente eleito se reuniu com o embaixador chinês, e sua delegação em sua casa e afirmou que buscará uma boa relação com o país asiático, principal parceiro comercial brasileiro.

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