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Japão pós-Fukushima desconfia cada vez mais da energia atômica

Por Da Redação
6 mar 2012, 22h53

Andrés Sánchez Braun.

Tóquio, 6 mar (EFE).- O receio em relação à radioatividade nos alimentos e no ambiente cresceu progressivamente no Japão desde a crise originada há um ano na usina nuclear de Fukushima, enquanto um movimento antinuclear reduzido, mas persistente, questiona com afinco o uso da energia atômica.

Até o momento, o pior acidente nuclear em 25 anos deixou casos de contaminação em carne bovina, chá, arroz e leite em pó infantil, embora as autoridades tenham descartado que os níveis detectados representem um grande risco para a saúde.

Isso não impediu que aumente a desconfiança dos consumidores, e o Governo decidiu então que a partir do próximo dia 1º de abril, mais de um ano depois do acidente, entrarão em vigor limites mais restritos para os alimentos.

O nível máximo de césio em produtos como carne, verduras e pescados será estabelecido em 100 bequereles por quilo (cinco vezes menos que o limite atual), em 50 bequereles para leite e alimentos infantis (quatro vezes menos), e em dez bequereles para água (20 vezes menos).

Para garantir a segurança alimentar, a imposição de limites claros foi reivindicada insistentemente por alguns produtores do nordeste do país, onde cada vez mais empresas e agricultores usam suas próprias equipes de detecção de material radioativo.

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No caso de Fukushima, a administração provincial aprovou recentemente a instalação de mais de 100 instrumentos de medição em toda a região para revisar cada saca de arroz colhida na região antes de ser colocada à venda, uma medida também reivindicada por muitos fazendeiros nas províncias vizinhas.

Além disso, para acalmar os temores sobre a radiação ambiental, foram instaladas 2.700 estações de medição em diferentes pontos de Fukushima que permitem, através da internet, a consulta em tempo real dos níveis de contaminação.

As consequências do acidente em Fukushima Daiichi aumentaram, além disso, o receio dos japoneses em relação às usinas atômicas e aos grupos antinucleares.

Seja através de manifestações periódicas, que em Tóquio costumam reunir milhares de pessoas e que contam com o apoio de intelectuais como Kenzaburo Oe, ou de protestos perante ministérios, os grupos contrários à fissão nuclear ganharam visibilidade no último ano.

E há ainda mais japoneses que desconfiam da segurança nas usinas nucleares, apesar de após o acidente o governo ainda não ter autorizado a reativação de nenhum dos reatores parados para revisões regulares, o que deixou apenas dois deles operacionais em todo o país.

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Perante os apelos para reforçar a segurança, o Executivo impôs novas provas de resistência para avaliar a resposta das centrais perante desastres naturais, mas estas não convenceram até agora os governos locais, que se opõem a reativar os reatores até que não haja mais verificações.

A Comissão de Segurança Nuclear do Japão disse ainda que os testes efetuados só avaliam os equipamentos essenciais para manter a segurança em caso de desastres, e pediram uma segunda rodada de exames para evitar outro acidente como o de Fukushima.

O reforço das medidas de prevenção não se limitam só ao âmbito nuclear: após o terremoto e posterior tsunami de há um ano, que deixou quase 20 mil vítimas, o Japão, um dos países melhor preparados para estas catástrofes, restabeleceu seus mecanismos de detecção sísmica e de tsunamis.

Atualmente, a Agência Meteorológica do Japão prepara um novo sistema de alarme de tsunamis por causa do ocorrido imediatamente depois do terremoto de março, quando o órgão advertiu que a água só alcançaria seis metros de altura na província de Miyagi e três nas de Iwate e Fukushima.

Muitas das vítimas nem sequer chegaram a ser informadas que, minutos mais tarde, a agência elevou sua estimativa para mais de dez metros, quando estabeleceu que o terremoto era de 9 graus na escala Richter, e não de 7,9 como se acreditava inicialmente.

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O novo sistema, que entrará em vigor no final de 2012, reduzirá de 8 para 5 os níveis de alerta de tsunami e, quando a magnitude de um terremoto não puder ser determinada com exatidão, será emitido um ‘alerta máximo’ que orientará uma possível evacuação imediata da região. EFE

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