Japão aprova orçamento recorde para defesa militar
Diante da ameaça da Coreia do Norte, governo acredita que país precisa de melhora em seus sistemas antimísseis
O governo do Japão aprovou um orçamento de defesa recorde para o ano de 2018, com fundos destinados a sofisticados sistemas de defesa antimíssil e armas que poderiam conduzir ataques preventivos contra bases militares na Coreia do Norte.
O orçamento de 5,19 trilhões de ienes (152 bilhões de reais) é o maior de todos os tempos, com um aumento de 1,3% em relação ao ano passado.
O primeiro-ministro, Shinzo Abe, acabou com os cortes no orçamento militar do país quando assumiu o poder no final de 2012. Nos últimos anos, o pacote de fundos destinados ao sistema de defesa japonês só cresceu.
O premiê e outras oficiais das Forças de Autodefesa do Japão (FAJ) acreditam que precisam de uma melhora rápida e drástica em seus sistemas antimísseis em resposta às ameaças da Coreia do Norte. Para Abe, o desenvolvimento do programa nuclear do regime de Kim Jong-un pode gerar uma “crise nacional”.
O novo orçamento foi aprovado pelo Parlamento somente alguns dias após o anúncio da compra de modernos sistemas de defesa antimíssil dos Estados Unidos, chamados Aegis Ashore. Por volta de 730 milhões de ienes (21 milhões de reais) foram reservados para a instalação dos novos artefatos, que devem começar a funcionar em 2023 e custarão ao menos 200 bilhões de ienes (5,86 bilhões de reais).
Em meio a pressão de membros mais radicais do conservador Partido Liberal Democrata de Abe, o Japão também irá adquirir mísseis de cruzeiro, que poderiam ser usados em ataques preventivos contra zonas militares norte-coreanas.
O orçamento prevê mais de 2 bilhões de ienes (58,6 milhões de reais) para um míssil de cruzeiro construído na Noruega, que pode alcançar até 500 km. O Japão também planeja comprar projéteis fabricados nos Estados Unidos com um alcance de 900 km.
Os gastos extravagantes em artefatos militares começaram depois que o presidente Donald Trump passou a impulsionar a venda de armas americanas e a pressionar o Japão e a Coreia do Sul a desempenharem papeis mais ativos em sua própria segurança.
As novas medidas japonesas geraram controvérsia, com muitos críticos ao desenvolvimento militar afirmando que o aumento de capacidade viola a constituição nacional. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, as leis japonesas proíbem o uso das forças do país para resolver disputas internacionais e restringem as forças militares a um papel puramente defensivo.
Contudo, membros das Forças de Autodefesa e outros membros do partido de Abe insistem que os mísseis japoneses só serão usados em caso de um ataque norte-coreana iminente, ação que eles insistem que não violaria os princípios “pacifistas” do país.