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Italianos manifestam descontentamento com partidos em eleições

Por Por Gildas Le Roux
8 Maio 2012, 14h05

Os italianos expressaram nas eleições municipais seu descontentamento com os partidos tradicionais, provocando uma derrota da direita de Silvio Berlusconi, uma alta abstenção e a entrada em cena do humorista Beppe Grillo, convertido em porta-voz midiático do movimento contra a “partitocracia”.

“Chega ao fim uma época marcada pela liderança da direita, com Silvio Berlusconi como o líder que, de uma maneira ou de outra, conseguia vencer as eleições e impor sua visão de mundo”, explicou à AFP o sociólogo Antimo Farro.

De acordo com os resultados parciais do primeiro turno, o partido de “Il Cavaliere” Berlusconi, o Povo da Liberdade (PdL), sofreu uma verdadeira derrota e foi excluído em várias cidades do segundo turno, previsto para os dias 20 e 21 de maio.

Em duas cidades relativamente grandes, Palermo e Parma, governadas até agora pela centro-direita, os candidatos de esquerda foram os mais votados.

Se os resultados forem confirmados, Palermo, a capital da Sicília e a maior cidade convocada às urnas, terá como prefeito Leoluca Orlando, um ativista antimáfia, apoiado pelo Partido da Refundação Comunista e pelos ecologistas.

Mas o golpe mais duro foi sofrido pelo movimento xenófobo Liga Norte, aliado chave de Berlusconi.

“Uma derrota notável causada pelos escândalos de corrupção”, sustenta Farro, ao lembrar que o controverso líder do movimento anti-imigração, Umberto Bossi, sua família e colaboradores próximos estão afundados em um mar de escândalos por fraude, financiamento ilegal e até conexões com a máfia calabresa ‘Ndrangheta.

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Um verdadeiro “tsunami” arrasou os dois partidos que governavam o país até novembro do ano passado, quando o tecnocrata Mario Monti foi designado como chefe do Executivo após a renúncia de Berlusconi, pressionado pela grave crise econômica que atinge a península.

Para Pierluigi Bersani, líder da maior formação de esquerda, o Partido Democrático (PD), seu partido saiu “fortalecido”, ao ser o mais votado, embora a maioria de seus candidatos não sejam provenientes de suas próprias fileiras.

O resultado mais surpreendente das eleições foi o obtido pelo “Movimento 5 estrelas” do cômico Beppe Grillo, de 64 anos, vencedor moral das eleições.

O homem que há mais de uma década critica a classe política por se comportar como uma casta, o símbolo da “antipolítica”, que costuma se comunicar via internet e denunciar corruptos com muitas investigações e números, é a nova força política que agita a Itália.

Na região de Veneto, seu candidato, um engenheiro de 32 anos, ganhou no primeiro turno a prefeitura de Sarego, um dos feudos da Liga Norte, onde estava instalado seu “parlamento”.

Em Parma, o candidato de Grillo conquistou 20% dos votos e enfrentará no segundo turno o representante do PD.

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“O vírus se expande”, disse Beppe Grillo, um tipo de “profeta” barbudo que, em seus discursos vibrantes, ataca o sistema, recebendo acusações de demagogo, populista e “palhaço” por parte dos políticos.

“Nós nos veremos no Parlamento!”, ameaçou Grillo, com seu estilo provocador, confirmando que vai propor que a Itália abandone o euro.

Para Massimo Gramellini, editorialista do jornal La Stampa, os resultados das eleições premiam a “antipolítica” e devem ser interpretados como um pedido para que o sistema político realize “reformas urgentes”.

Para o sociólogo Carlo Carboni, “é necessário” que a Itália reforme sua classe política e conte com dirigentes que ofereçam “esperança e otimismo”.

Um desafio que o presidente da República, Giorgio Napolitano, captou: “É preciso refletir sobre a política e sobre a relação entre as forças políticas e os cidadãos”, admitiu.

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