Itália estuda conceder cidadania aos filhos dos estrangeiros
Hoje, os descendentes que nasceram no país são considerados estrangeiros
Atualmente, filhos de estrangeiros nascidos na Itália só podem pedir a cidadania quando completam 18 anos – e têm de provar residência
O novo ministro de Cooperação e Integração italiano, Andrea Riccardi, anunciou que está em estudo uma lei para conceder cidadania aos filhos de pais estrangeiros nascidos na Itália. O presidente italiano, Giorgio Napolitano, levantou na terça-feira o debate ao classificar de “loucura” e de “absurdo” que as crianças que nascem na Itália filhas de pais estrangeiros não sejam consideradas italianas.
Em entrevista publicada nesta quarta nos jornais La Repubblica e L’Avvenire, Riccardi explicou que é preciso começar a pensar em uma lei sobre a cidadania e acrescentou que os filhos de imigrantes são parte do futuro da Itália e sem eles o país está destinado ao declive. Como explicou o novo ministro, fundador da Comunidade de São Egídio, “os nascidos na Itália juridicamente estrangeiros são cerca de 500.000 e os menores residentes são quase 1 milhão”.
A atual lei sobre a cidadania segue o conceito de Ius Sanguinis, ou seja, o direito de sangue significa que só as crianças nascidas de pai ou mãe naturais da Itália podem ser consideradas cidadãs do país. Quando completam 18 anos podem pedir a cidadania, mas precisam demonstrar que viveram sempre na Itália desde o nascimento.
Transição – A possibilidade de mudar dita lei poderia ser a primeira medida social aprovado pelo novo governo de tecnocratas presidido por Mario Monti, que substituiu o de Silvio Berlusconi. Esta possibilidade foi apoiada pelo chamado Terzo Polo, que inclui os partidos de centro e democratas-cristãos, o Partida Democrata e a Itália de Valores (IDV).
O partido de Berlusconi, Povo da Liberdade (PDL), anunciou que é contrário à aprovação no Parlamento e criticou a possibilidade ao considerar que o governo de Monti foi designado somente para tratar de temas econômicos com o objetivo de tirar o país da crise. Ainda mais duros se mostrou a Liga Norte, que ameaçou com manifestações se for aprovada essa emenda à Constituição que consideram que se trata de um “cavalo de tróia”, cujo passo seguinte é dar voto aos imigrantes.
(Com agência EFE)