Irã: AIEA tem ‘sérias preocupações’ com programa nuclear
Diretor-geral da agência diz que não pode dar certeza sobre atividades atômicas
O diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, afirmou nesta segunda-feira em Viena que a agência nuclear da ONU continua “seriamente preocupada” com as possíveis dimensões militares do programa atômico do Irã. Em seu discurso de abertura em reunião do Conselho de Governadores da AIEA, Amano disse que, diante da falta de cooperação iraniana, sua agência não pode dar certeza sobre a ausência de possíveis materiais e atividades atômicas não declaradas no país.
Amano lembrou diante dos 35 países-membros do Conselho de Governadores da AIEA que duas missões de alta categoria da agência estiveram no Irã nas últimas semanas, sem poder solucionar os temas pendentes da investigação, que já dura nove anos. “Apesar de intensas negociações, não houve acordo sobre um mecanismo estruturado para resolver esses assuntos”, disse Amano, lembrando que seus analistas tentaram em vão visitar a polêmica instalação militar de Parchin, ao sul de Teerã.
Ali, os serviços de inteligência e também a AIEA suspeitam que tenham sido realizadas no passado algumas atividades relacionadas à pesquisa de desenvolvimento de bombas nucleares. Teerã nega, mas continua proibindo a visita a Parchin, embora tenha permitido uma inspeção em outra base militar, onde a AIEA também tem suspeitas. Porém, essa visita alternativa foi rejeitada pelos especialistas do organismo, que insistem em inspecionar primeiro Parchin “por razões de tática da investigação”, explicou um diplomata próximo à AIEA.
Amano também disse que o Irã triplicou sua produção mensal do urânio enriquecido até 20% e que instalou 2,46 mil novas centrífugas na grande usina de enriquecimento de Natanz, no centro do país. Segundo o diretor-geral, o Irã ofereceu uma declaração sobre as alegações expostas em seu relatório de novembro, baseado em “informações críveis” de dez países. O Irã, no entanto, “não respondeu de forma substancial a nenhuma das preocupações da agência”, de acordo com ele.
Reuniões – As afirmações foram feitas a poucas horas de uma reunião em Washington entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cujo governo ameaça há semanas o Irã com um possível ataque militar contra seu programa nuclear.
O Conselho de Governadores se reunirá nesta semana em Viena para analisar, entre outros assuntos, a investigação das atividades nucleares do Irã. Diplomatas na capital austríaca não esperam que a junta adote uma resolução que condene o Irã, para não pôr em risco uma nova rodada de negociações atômicas do chamado grupo P5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) com a República Islâmica.
(Com agência EFE)