Inquérito sobre escândalo não estará completo em um ano
Observação foi feita por juiz, que oficializou abertura das investigações nesta 5ª
Brian Leveson, juiz nomeado pelo primeiro-ministro da Grã-Bretanha, David Cameron, para avaliar o escândalo dos grampos telefônicos envolvendo tabloides britânicos, alertou nesta quinta-feira que não deve ser possível completar o inquérito dentro do prazo previsto de um ano. A investigação pública foi oficialmente aberta nesta quinta-feira, na primeira reunião de Leverson com sua equipe, em Londres, para discutir o caso. As audiências estão marcadas para setembro.
A comissão, que teria até 12 meses para avaliar suas recomendações, analisa em primeiro lugar a legislação relativa aos meios de comunicação e a proteção à vida privada. “Haverá um debate sobre os limites da noção de interesse público”, disse o juiz. A imprensa britânica recorreu a práticas questionáveis, como subterfúgios ou a utilização de escutas ilegais, para obter informações evocando o “interesse público”.
Além de Leveson, a comissão tem seis integrantes: um militante pró-direitos humanos, um policial, um ex-chefe de comissão de comunicações, dois jornalistas e um ex-presidente do jornal Financial Times. Eles terão plenos poderes para convocar testemunhas, que falarão sob juramento.
A partir de outubro serão organizadas mesas redondas sobre ética e as práticas da imprensa. A comissão deve também formular recomendações para delimitar melhor as práticas da imprensa, atualmente autorregulada por uma comissão reconhecidamente ineficiente, a Press Complaints Commission.
Escândalo – Os membros da comissão deverão prestar contas de seus eventuais vínculos como grupo Murdoch, cujo tabloide News of the World está no coração do escândalo. Ele chegou a ser tirado de circulação depois da revelação de que seus jornalistas grampearam telefones de políticos, celebridades e personagens do noticiário.
O escândalo, que alcançou proporçõs sem precedentes desde a revelação, em 4 de julho, que a caixa de mensagens de voz de uma menina assassinada, Milly Dowler, foi pirateada, atinge também o mundo político, a polícia e a imprensa britânicas. Altos dirigentes da Scotland Yard se viram obrigados a renunciar, entre eles o chefe da força.
A polícia é acusada de ter abafado a primeira investigação iniciada em 2006 e de ter mantido vínculos estreitos com o grupo do magnata Rupert Murdoch.