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Indígenas que fogem da fome lutam para sobreviver em Ciudad Juárez, no México

Por Da Redação
6 fev 2012, 05h07

Luis Chaparro.

Ciudad Juárez (México), 6 fev (EFE).- Vivendo em um bairro da periferia de Ciudad Juárez, no estado mexicano de Chihuahua, cerca de 150 famílias rarámuris lutam para sobreviver longe de suas terras em uma cidade assolada pela violência do narcotráfico.

Na Colônia Tarahumara, fundada há 16 anos, a maioria dos homens se dedica à construção, enquanto as mulheres, vestidas com múltiplas saias coloridas e capas que cobrem a cabeça e parte do corpo, fazem artesanato e pedem ‘kórima’ (esmola) na cidade.

Juana, uma rarámuri de 35 anos que chegou a Ciudad Juárez há 17, foi testemunha da difícil situação na Sierra Tarahumara e da chegada de cada vez mais membros de sua etnia à colônia, um aumento que as autoridades locais estimam em cerca de 30% nos últimos quatro anos.

‘Há pouco tempo visitei meus parentes lá em Guachochi e eles não têm nada para comer. O problema é que não choveu e a batata e o feijão que semearam não brotaram. Estão morrendo de fome’, disse Juana à Agência Efe.

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Devido à forte seca e às geadas na Sierra Tarahumara, centenas de rarámuris tiveram que deixar para trás suas terras e parte de seus costumes e descer para a cidade para efetuar trabalhos estranhos a sua realidade e tentar levar alguma comida para suas famílias.

‘Eu vim pelo trabalho. Lá na Sierra soubemos que havia trabalho e trabalhei para poder sobreviver, porque em Guachochi a vida é muito difícil. Não há comida, nem saúde, e nestes últimos anos ficou muito frio, mais do que antes’, contou Juana.

A cultura rarámuri considera que os ‘chabochis’ (pessoas da cidade) são uma raça inferior por sua fraqueza física e espiritual, e o fato de pedir esmolas ou abrigo nas áreas urbanas afeta profundamente sua autoestima.

Juan, um rarámuri pai de três filhos, afirmou que descer à cidade se transformou em uma tarefa perigosa desde que começou uma onda de violência vinculada ao narcotráfico que tirou a vida de mais de 9,8 mil pessoas nos últimos quatro anos.

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‘Há pessoas que tem medo de pedir ou trabalhar por conta da violência, mas eu não tenho medo. Se for para me afetar, vai me afetar. Vi três vezes como matam alguém, mas nós não somos medrosos’, disse.

Félix Carrillo, líder da comunidade, disse que o suposto suicídio de rarámuris por falta de alimentos na Sierra Tarahumara reportado recentemente por um ativista não teve eco na colônia, mas reconheceu que a difícil situação levou muitos deles a deixar suas terras e ir para a cidade.

O líder comunitário considerou que a situação em Ciudad Juárez é mais ‘digerível do que na Sierra’, onde as provisões enviadas pelas ONGs e o governo estadual ‘nem sempre chegam ou são vendidas aos rarámuris’.

A Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) do México exigiu ações urgentes para remediar a falta de alimentos e atendimento médico que os rarámuris sofrem em Sierra Tarahumara.

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A organização fez um apelo ‘para que sejam respeitados os direitos à proteção da saúde e a alimentação da população indígena de Chihuahua’. EFE

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