Imigrantes são responsáveis por US$ 6,7 tri do PIB global
Somente no Brasil, o número de imigrantes no mercado de trabalho formal cresceu 131,1% entre 2010 e 2015, aponta estudo
No ano em que Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos prometendo expulsar do país os imigrantes ilegais e que a população britânica votou em referendo pela saída da União Europeia, a atenção do noticiário se voltou para a tensão provocada em parte da população de países ricos diante do aumento do número de imigrantes. Estudo recém-publicado pelo McKinsey Global Institute (MGI) revela, porém, que as nações desenvolvidas são beneficiadas pela força de trabalho estrangeira. E que os imigrantes acrescentam ao PIB mundial 3 trilhões de dólares.
Atualmente, os trabalhadores estrangeiros respondem por 9,4% (ou 6,7 trilhões de dólares) do PIB mundial. Caso não tivessem optado por se mudar para nações mais produtivas, esse número seria cerca de 4%, ou 3 trilhões de dólares, menor, de acordo com o estudo do MGI. Os refugiados representam somente 10% dos 247 milhões de imigrantes em todo o mundo. Os outros 90% decidiram deixar seus países de origem por questões econômicas.
Brasil
Somente no Brasil o número de imigrantes no mercado de trabalho formal cresceu 131,1% entre 2010 e 2015 – passando de 54.333 em 125.535 -, segundo Relatório Anual 2016 do Observatório das Migrações Internacionais, elaborado em parceria entre o Ministério do Trabalho e a Universidade de Brasília (UnB).
De acordo com o levantamento divulgado neste mês, as regiões que registraram maior aumento no número de imigrantes foram Sudeste e Sul. São Paulo é o principal destino, com 35,8% dessa força de trabalho. Na sequência vêm Paraná (12,9%), Santa Catarina (12,8%), Rio Grande do Sul (10%) e Rio de Janeiro (9,8%). Em 2016, a Polícia Federal já concedeu registro a 53.320 imigrantes até novembro, somando temporários, permanentes, asilados e refugiados.
Mercado
Estados Unidos e Canadá são, ao lado dos países da Oceania, as nações que mais bem integram os estrangeiros em seu mercado de trabalho, de acordo com o estudo – no Canadá, os procedimentos para reconhecimento da qualificação dos trabalhadores de outros países são mais simples do que na Europa, por exemplo.
Ainda de acordo com o levantamento, os imigrantes recebem, em média, entre 20% e 30% menos do que os trabalhadores locais. Mas equiparar esses salários seria positivo para os países ricos, segundo o estudo, já que ajudaria a aumentar a produção e o consumo internos.
Os benefícios da migração para as nações desenvolvidas se dão por diversas razões: até mesmo os trabalhadores menos escolarizados movimentam a economia ao liberar a população local para serviços de maior valor agregado. Eles também contribuem por meio de ações empreendedoras. O estudo ainda cita uma já conhecida face positiva da migração – os estrangeiros ajudam a sanar os problemas provocados pelo envelhecimento da população dos países de destino. Entre 2000 e 2014, os imigrantes contribuíram para elevar em até 80% a força de trabalho de outras nações.