Hong Kong: jovens pró-independência vencem eleições legislativas
Os candidatos democratas radicais conquistaram assentos importantes na votação que teve recorde de eleitores
Após uma votação com número recorde de eleitores, uma nova geração de políticos de Hong Kong favoráveis a uma ruptura com a China conseguiu importantes assentos no Parlamento local. Pró-democracia, os jovens ativistas tentam mudar a forma como a cidade é governada por Pequim.
De acordo com os primeiros resultados oficiais das eleições parlamentares realizadas nesse domingo, divulgados nesta segunda-feira, quatro candidatos que defendem o rompimento conseguiram entrar para o Conselho Legislativo (LegCo, Parlamento local) e um quinto também pode conquistar uma vaga.
Entre os novos parlamentares está Nathan Law, um dos líderes mais conhecidos do movimento apelidado de “Revolução dos Guarda-Chuvas”, que em 2014 bloqueou durante dois meses bairros inteiros na ex-colônia britânica, exigindo a liberdade de escolher seus mandatários, longe do controle do Partido Comunista Chinês.
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O partido de Law, o Demosisto, defende a organização de um referendo sobre a integração à China. “Acredito que os verdadeiros cidadãos de Hong Kong queriam uma mudança”, disse Law, de 23 anos, que foi o segundo mais votado em sua circunscrição, atrás de um candidato favorável a Pequim. “Os jovens têm um senso de urgência sobre o futuro”, afirmou.
Muitos candidatos abertamente partidários da independência não foram autorizados a disputar as eleições, depois que as autoridades argumentaram que militar pela independência é ilegal. Para participar da eleição alguns deles evitaram mencionar a palavra tabu e passaram a utilizar o termo “autodeterminação”.
Yau Wai-Ching, candidata do novo movimento Youngspiration, que defende o direito de Hong Kong de “falar de soberania”, também foi eleita. Outro candidato do partido, Baggio Leung, de 30 anos, com um discurso repleto de referências à independência, também deve entrar no LegCo.
Com uma participação de 58%, a mais alta desde 2004, cerca de 2,2 milhões de eleitores votaram nas eleições ao Conselho Legislativo, consideradas as mais importantes desde que a China retomou a soberania sobre Hong Kong, em 1997. Em alguns locais de votação as filas prosseguiram na madrugada desta segunda-feira, várias horas depois do horário previsto para o fechamento das urnas.
Dos 70 assentos em jogo, metade é eleita pelo voto popular direto através de circunscrições geográficas, enquanto outros 30 são selecionados por um grupo que representa diferentes setores profissionais da cidade, que equivale a 6% do eleitorado, e que estão controlados pelo regime chinês. Os cinco restantes são os “super assentos”, que não são atribuídos a nenhuma circunscrição, mas também são escolhidos por meio de votação popular.
(Com Estadão Conteúdo e EFE)