Holanda: Igreja encerra culto de 3 meses após evitar deportação de família
Religiosos mantiveram refugiados armênios protegidos por 96 dias até que acordo fosse aprovado
Um culto que ocorria ininterruptamente desde outubro foi encerrado na igreja protestante Bathel, localizada em Haia, na Holanda. A cerimônia durou exatamente 2.327 horas (pouco mais de 96 dias) até seu fim nesta quarta-feira 30. A motivação para que o ritual não fosse encerrado em todo esse tempo foi proteger a família Tamrazyan – formada pelos pais, duas filhas e um filho -, oriunda da Armênia, que sofria ameaça de deportação.
Os responsáveis pela capela encontraram uma brecha na Constituição holandesa para proteger os refugiados: a lei do país proíbe que a polícia realize buscas em um templo enquanto serviços religiosos estiverem em andamento.
Dessa forma, os Tamrazyan, que vivem há nove anos na Holanda e alegam perseguição política em seu país natal, buscaram refúgio na igreja assim que tiveram uma ordem de deportação anunciada.
Uma vez instalados na capela, em outubro, eles contaram com a colaboração dos religiosos no local para que o culto iniciado naquele dia não fosse interrompido por três meses. Cerca de 650 pastores, sacerdotes e diáconos se revezaram desde então e conseguiram mantê-los em segurança prosseguindo as orações.
A iniciativa contou com a colaboração, inclusive, de religiosos de outros países europeus – que viajaram a Haia para participar da vigília.
Essa longa missão teve fim nesta quarta-feira, quando a Holanda anunciou um acordo político para revisar as demandas de asilo negadas a cerca de 700 crianças que cresceram no país. A medida permite que os Tamrazyan não sejam deportados.
O fim do culto ocorreu na quarta-feira às 13h30 (horário local). “Há um sentimento na sociedade de que [as leis de asilo] devem ser aplicadas com mais humanidade”, declarou igreja Bathel em comunicado, agradecendo também o amplo apoio da comunidade local, inclusive não-cristãos.