Haia, 10 nov (EFE).- A Holanda aplicou pela primeira vez a eutanásia em um portador de demência em estágio avançado. Este é o primeiro caso com estas características desde a aprovação da lei que regula esta prática, há dez anos, informou nesta quinta-feira o jornal ‘NRC Handelsblad’ em seu site.
A eutanásia nunca havia sido aplicada em indivíduos com essa doença em estágio avançado, já que a lei exige que o doente declare até o último momento sua vontade de se submeter ao procedimento.
Até então, a prática era aplicada apenas em doentes em estágio inicial. Em 2010, ocorreram 25 casos, nos quais os pacientes podiam contar com uma última aprovação em momento de lucidez.
No caso desta quinta, tanto a comissão de especialistas que deve aprovar a eutanásia quanto os médicos envolvidos na prática concordaram que a paciente, uma mulher de 64 anos havia manifestado por escrito sua vontade de morrer assim que perdesse a lucidez e fosse transferida para um centro de cuidados de idosos.
Constance de Vries, a médica que deu uma segunda opinião – o que é obrigatório por lei -, declarou ao ‘NRC Handelsblad’ que esta decisão ‘terá importantes consequências’ para a prática da eutanásia no país, já que os médicos, muitas vezes temerosos de não aplicar a lei com rigor, costumam se omitir nesses casos.
A Holanda aprovou, em 2001, a lei que regula a eutanásia, que pode estabelecer uma pena de até 12 anos de prisão se não for cumprida corretamente.
Para que a eutanásia possa ser aplicada, o paciente deve sofrer de dor ‘insuportável’, além de expressar lúcida e repetidamente sua vontade de morrer. Os médicos devem consultar uma segunda opinião sobre o caso, o qual é enviado a uma comissão de especialistas que, após analisar rigorosamente o pedido, aprovam ou não a prática. Desde a aprovação da lei, a Holanda registrou 2,5 mil eutanásias por ano. EFE