Henrique Capriles vence primárias e será o rival de Chávez
Não houve surpresa na escolha, mas na participação: 2,9 milhões de eleitores

Henrique Capriles será o rival do presidente venezuelano, Hugo Chávez, nas eleições de outubro. O governador do estado de Miranda venceu com folga as primárias celebradas no domingo pela oposição. A escolha não foi nenhuma surpresa, pois Capriles já gozava de ampla maioria entre os eleitores – principalmente após a retirada da candidatura de Leopoldo López, que anunciou apoio a ele. A participação dos eleitores é que ficou (bem) acima do esperado: mais de 2,9 milhões, enquanto especialistas esperavam, no máximo, 2 milhões.
Com 95% dos votos apurados, Capriles recebeu 1.806.860 votos (62,2%), superando facilmente seu adversário mais forte, o governador de Zulia, Pablo Pérez, com 867.601 votos (29%), anunciou a comissão eleitoral da Mesa da Unidade Democrática (MUD), que organizou a votação. Após admitir a derrota, Pérez anunciou que integrará a equipe de Capriles para enfrentar Chávez.
“Eu digo a todos em nossa Venezuela, a todo nosso povo: é proibido falhar. Viemos para construir um futuro distinto, um futuro para todos os venezuelanos, não é a hora da esquerda nem da direita, é a hora de todos os venezuelanos”, declarou Capriles, em um evento em Caracas ao lado dos demais candidatos. A deputada María Corina Machado (103.500 votos), o ex-embaixador Diego Arria (35.070 votos) e o sindicalista Pablo Medina (14.009) também disputaram as primárias.
Nas eleições marcadas para 7 de outubro, ele enfrentará o caudilho Hugo Chávez, que busca seu terceiro mandato.
(Com agência France-Presse)
Leia na coluna De Nova York, por Caio Blinder:
“A oposição venezuelana tem uma chance pequena, mas real, de impedir que Hugo Chávez consiga um terceiro mandato consecutivo de seis anos nas eleições de outubro. Num ano de maratona eleitoral global (vamos ficar de olho já agora em março na Rússia de Vladimir Putin) e de insurreições como as que estão em curso no Oriente Médio, o pleito na Venezuela poderá ser uma lição histórica de descrédito, através de uma via gradualista, de gente como Chávez. Claro que ainda não estamos lá, mas a escolha, no domingo, em eleições primárias, do candidato presidencial da oposição, Henrique Capriles, foi um passo neste sentido, com comparecimento acima das expectativas, apesar da intimidação governista.”