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Haiti já enterrou 7.000 em vala comum, diz presidente

Por Da Redação
14 jan 2010, 05h59

O presidente do Haiti, René Préval, disse nesta quinta-feira que cerca de 7.000 corpos de vítimas do terremoto que devastou o Haiti na terça-feira já foram enterrados em uma vala comum.

Préval deu a declaração enquanto acompanhava o presidente da vizinha República Dominicana, Leonel Fernandez, primeiro chefe de estado a visitar o Haiti após o tremor.

O total de mortos no tremor pode ser de 45.000 a 50.000, e mais 3 milhões de pessoas estão feridas ou desabrigadas, disse uma autoridade da Cruz Vermelha no país.

“Ninguém sabe com precisão, ninguém confirma um número. Nossa organização acredita que entre 45.000 e 50.000 pessoas morreram”, disse Victor Jackson, coordenador-assistente da Cruz Vermelha no Haiti, de acordo com a agência de notícias Reuters. “Também acreditamos que há 3 milhões de pessoas afetadas no país – feridas ou desabrigadas”, afirmou Jackson.

Caos – A saturação do espaço aéreo, a falta de infra-estrutura básica, como estradas, e a destruição de centros médicos dificultavam nesta quinta-feira o trabalho das equipes de ajuda humanitária no Haiti, devastado por um terremoto na terça-feira.

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Clique abaixo para ver o infográfico sobre a destruição na capital, Porto Príncipe, e a mobilização mundial para ajudar o país:

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O espaço aéreo haitiano está saturado, e o governo local pediu aos Estados Unidos e a outros países que não liberem, por enquanto, mais voos para Porto Príncipe, informou nesta quinta-feira a autoridade americana da aviação civil (FAA).

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“O governo haitiano nos informou que não pode aceitar, no momento, vôos em seu espaço aéreo, informou à agência de notícias France-Presse a porta-voz da FAA, Laura Brown.

“No momento, há um avião militar americano e dois aparelhos civis que sobrevoam Porto Príncipe, esperando a vez de aterrissar”, disse.

Centenas de corpos apodreciam sob o sol diante do Hospital Central de Porto Príncipe, quase totalmente destruído pelo terremoto, enquanto os feridos imploravam por médicos e rezavam para não acabar no “pátio dos mortos”.

Sem luvas e com algodões embebidos em álcool para se proteger do odor da putrefação, as pessoas procuravam parentes em meio a uma montanha de corpos, mutilados, seminus, cobertos de poeira e infestados de moscas, informou a France-Presse.

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“É preciso enterrar os mortos para evitar que a cidade se transforme em um grande foco de infecção”, disse uma enfermeira. O Hospital Central foi tão danificado pelo terremoto que nenhuma de suas instalações pode ser utilizada. Dois médicos haitianos tentavam atender, exaustos, as dezenas de feridos que aguardavam ajuda deitados no chão ou em colchões encontrados no hospital.

Apoio internacional – As primeiras equipes internacionais de ajuda humanitária começaram a chegar ao Haiti na madrugada desta quinta-feira. Uma equipe de resgate dos Estados Unidos com 72 especialistas em busca de sobreviventes desembarcou no aeroporto da capital Porto Príncipe já pela manhã. Uma embarcação da guarda-costeira americana também chegou ao país, trazendo mantimentos e remédios para ajudar os desabrigados e feridos pela tragédia.

Outras equipes da França, Itália, Grã-Bretanha, Dinamarca, México e Cuba são aguardadas para as próximas horas. Já estariam no país também os enviados por Venezuela e China, segundo a rede BBC.

Na noite de quarta-feira, um avião do Brasil chegou ao país com 14 toneladas de alimentos e remédios. Na aeronave estavam também o ministro da Defesa Nelson Jobim e o embaixador do Haiti no Brasil Igor Kipman. O governo brasileiro já prepara o envio de mais um avião com suprimentos e uma equipe da Defesa Civil do Rio de Janeiro, com cães farejadores para uso nos resgates.

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu como prioridades a busca e o resgate de sobreviventes, além do tratamento de feridos graves. Segundo a OMS, é importante a prevenção de doenças e a distribuição de água potável por causa da possibilidade de epidemias.

Ajuda financeira – Também nesta quinta, o presidente americano, Barack Obama, fez um pronunciamento em que prometeu 100 milhões de dólares em ajuda imediata ao Haiti. E o Fundo Monetário Internacional (FMI) prometeu liberar imediatamente outros 100 milhões de dólares em ajuda de urgência.

Para Obama, esté é um “momento que pede a liderança americana”. O presidente expressou suas condolências às famílias das vítimas e disse que trabalhará em conjunto com a ONU e especialmente com o Brasil, que lidera a missão de paz da entidade no país caribenho. “O povo do Haiti não será esquecido ou abandonado. Os EUA estão com vocês”, completou.

A ajuda do FMI foi anunciada pelo diretor-gerente do organismo, Dominique Strauss-Kahn. “Estamos examinando todas as possibilidades para ajudar o Haiti e forneceremos 100 milhões de dólares muito rapidamente por meio de nossa Linha de Crédito Flexível”, afirmou ele.

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Essa linha foi criada para países pobres com problemas inesperados de desequilíbrios no balanço de pagamentos. A ajuda ainda terá de ser aprovada pelo Diretório Executivo do Fundo, mas isso “será feito rapidamente”, acrescentou o diretor-gerente em entrevista coletiva.

“Depois teremos de pensar, provavelmente, em algo maior; todos nós estamos comovidos por ver como, ano após ano, um problema após outro fazem com que esta ilha, um dos países mais pobres do mundo, esteja sob a ameaça da catástrofe”, disse Strauss-Kahn.

Brasileiros – A médica pediatra Zilda Arns, 75 anos, fundadora da Pastoral da Criança, é uma das vítimas da tragédia. Ela discursava em uma igreja local quando teve início o tremor e foi atingida fatalmente na cabeça durante o desabamento do lugar.

O Exército do Brasil divulgou nota nesta quinta para informar que subiu para 14 o número de militares do país mortos no terremoto. Outros quatro homens que estavam no quartel da Missão das Nações Unidas (ONU) para a Estabilização no Haiti (Minustah) estão desaparecidos. Há ainda 14 militares feridos – 12 vão voltar ao Brasil e dois serão atendidos na República Dominicana. Os corpos das vítimas devem ser trazidos ao país neste final de semana, segundo informou o Ministério de Relações Exteriores.

O Ministério da Defesa divulgou o nome dos militares brasileiros mortos na tragédia. São eles: 1º Tenente Bruno Ribeiro Mário; 2º Sargento Davi Ramos de Lima; 2º Sargento Leonardo de Castro Carvalho; 3º Sargento Rodrigo de Souza Lima; Cabo Douglas Pedrotti Neckel; Cabo Washington Luis de Souza Seraphin; Soldado Tiago Anaya Detimermani; Soldado Antonio José Anacleto; Soldado Felipe Gonçalves Julio; e Soldado Rodrigo Augusto da Silva, todos do 5º Batalhão de Infantaria Leve, sediado em Lorena-SP.

Morreram também Cabo Arí Dirceu Fernandes Júnior e Soldado Kleber da Silva Santos; ambos do 2º Batalhão de Infantaria Leve, sediado em São Vicente-SP. O subtenente Raniel Batista de Camargos, do 37º Batalhão de Infantaria Leve, sediado em Lins-SP. O coronel Emilio Carlos Torres dos Santos, do Gabinete do Comandante do Exército, sediado em Brasília-DF.

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