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Guedes aos EUA: Brasil pula na perna direita e merece tratamento especial

Ministro cita 'Disney, Coca-Cola, jeans' como afinidades com os americanos, mas lembra que os chineses querem 'dançar conosco, e dançam muito bem'

Por Julia Braun, de Washington, D.C.
Atualizado em 18 mar 2019, 22h29 - Publicado em 18 mar 2019, 20h19

O ministro da Economia, Paulo Guedes, deu um recado aos Estados Unidos nesta segunda-feira, 18, durante seu discurso em evento promovido pela Câmara Americana de Comércio: o Brasil tem grandes intenções de aumentar a cooperação econômica com os americanos, mas quer receber garantias reais dos retornos e não pode se furtar de negociar com o seu principal parceiro comercial, a China.

“O presidente ama a América e eu amo a América, mas eu sempre digo para ele que me deixe negociar com quem traz mais lucro”, disse Guedes, ao lado do presidente Jair Bolsonaro no evento Brazil Day in Washington, organizado pela Câmara Americana de Comércio.

Aos presentes, Guedes ressaltou as afinidades culturais entre o Brasil e os Estados Unidos, mas deixou claro que, mais que isso, é necessário que os americanos estejam mais próximos e invistam mais no Brasil.

“Eu estudei aqui. Amo a Disney, Coca-Cola, jeans. Eles [os chineses] não acreditam em Santa Claus, aqui vocês acreditam. Vocês se juntam em torno de valores. Vocês fizeram isso na Grande Depressão. A mídia ajudou e vocês criaram o sonho americano. Nós estamos em um momento parecido. Queremos criar o sonho brasileiro”, disse o ministro, que concluiu o mestrado e o doutorado na Universidade de Chicago.

O ministro participou de uma reunião com o secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, nesta segunda pela manhã. Também se encontrou com o representante de Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, e presidiu uma mesa redonda com empresários durante a tarde.

Encontro com o Representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer

Outro ponto ressaltado por Paulo Guedes em seu discurso foi a inflexão ideológica do governo brasileiro. Por diversas vezes, ele definiu a vitória de Bolsonaro como a união entre os liberais e os conservadores, em uma aliança de centro-direita. Para o ministro, essa mudança deve ser reconhecida pelos americanos e fazer o Brasil merecer tratamento diferenciado por parte deles.

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“Antes, estávamos pulando na perna esquerda, agora estamos pulando na perna direita. Merecemos um tratamento diferente”, argumentou.

Guedes destacou que o Brasil “precisa de apoio para chegar à primeira divisão” e que, para isso, os Estados Unidos devem ceder em alguns negócios para que os brasileiros ganhem em outros. Ele adotou um tom de barganha ao dar exemplos desse toma lá dá cá.

“Se vocês querem nos vender carne de porco, comprem nossa carne bovina. Se querem nos vender etanol, comprem nosso açúcar”, afirmou.

Ele ainda lembrou que, por mais que haja pressão para que o Brasil reduza a sua proximidade econômica com a China, como as realizadas pelos Estados Unidos, os americanos também continuam negociando melhores condições de comércio com o país asiático. “Nós vemos vocês negociando com os chineses, por que nós não podemos?”, perguntou.

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Guedes também demonstrou esperar que os americanos ofereçam benefícios maiores do que aqueles apresentados pela China, que é o principal parceiro comercial do Brasil e grande investidor em infraestrutura. “Os chineses querem dançar conosco, e eles dançam muito bem”, afirmou.

O ministro da Economia defendeu também a privatização de empresas estatais, como forma de reduzir a dívida acumulada de 4,3 trilhões de reais. “Não só as empresas estatais não estão funcionando com eficiência, mas prejudicando o crescimento de investimento privados”, apontou.

Democracia e Presidência

Para Guedes, a eleição de Bolsonaro mostrou que a democracia brasileira é “estável” e “vibrante”. O ministro aproveitou seu discurso para tecer uma série de elogios ao presidente. “Nossa democracia nunca esteve sob perigo, o presidente tem 30 anos de experiência no Congresso Nacional e se recusa a jogar o jogo que contaminou nossa política”, disse.

“Muitos dizem que ele é mal-educado porque ele é muito duro. Mas ele tem bons princípios”, completou.

O ministro também citou o envio da proposta da Reforma da Previdência e do “projeto anticrime”, um pacote de reformas em 14 leis penais, ao Congresso como vitórias de Bolsonaro.

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“Nós temos um homem que tem culhões”, disse, usando a expressão em inglês “got balls”, que se refere de maneira coloquial a pessoas corajosas.

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