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Guarda costeira a capitão: ‘Volte a bordo!’

Por Andreas Solaro
17 jan 2012, 17h13

“Volte a bordo, p…”: a tensa conversa por telefone entre membros da Guarda Costeira e o capitão do transatlântico Costa Concordia representa um duro golpe para o comandante Francesco Schettino, acusado de manobra imprudente e de ter minimizado o acidente e deixado o navio antes da evacuação dos últimos passageiros.

A seguir a transcrição do diálogo:

Comandante Gregorio De Falco da capitania do porto de Livorno:

“Sim, eu sou De Falco de Livorno, falo com o comandante?”

Schettino: “Sim, boa noite, comandante De Falco”

De Falco: “Diga-me o seu nome, por favor”

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Schettino: “Eu sou o comandante Schettino, comandante”

De Falco: “Schettino? Ouça Schettino. Há pessoas presas a bordo. Agora, vá com seu bote à proa do navio do lado direito. Há uma escada (de socorro, ndlr) e suba a bordo. Você vai a bordo e nos diga quantas pessoas estão lá. Entendido? Estou gravando esta comunicação, comandante Schettino…”

Schettino: “Comandante, vou te dizer uma coisa…”

De Falco: “Fale mais alto. Coloque a mão na frente do microfone e fale mais alto. Entendido?”

Schettino: “Agora o navio está inclinado…”

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De Falco: “Entendo. Ouça: há pessoas descendo pela escada de proa. Você deve passar por esta escada no sentido inverso, subir no navio e me dizer quantas pessoas estão lá e o que está acontecendo a bordo. Entendido? Você deve me dizer quantas crianças, mulheres e pessoas estão lá precisando de ajuda. E você me diga quantas pessoas há nessas categorias. Entendido?”

“Ouça Schettino, você talvez tenha conseguido se salvar do mar, mas aqui, as coisas vão ficar realmente ruins… Eu vou te causar muitos problemas. Volte a bordo, porra!!”

Schettino: “Comandante, eu imploro a você…”

De Falco: “Não, eu é que imploro a você… Você tem que ir agora mesmo, volte a bordo. Você tem que me garantir que está voltando a bordo…”

Schettino: “Já estou indo para lá, já estou indo, não vou a parte alguma, estou indo…”

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De Falco: “O que você está fazendo comandante?”

Schettino: “Vou para lá para coordenar os trabalhos de socorro…”

De Falco: “Quem está coordenando lá? Volte agora a bordo para coordenar o socorro a bordo. Você está se recusando? “

Schettino: “Não, não me recuso”.

De Falco: “Você está se recusando a voltar a bordo? Diga-me por qual motivo você não vai para lá?”

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Schettino: “Eu não estou indo para lá porque outro barco (bote de socorro) chegou…”

De Falco: “Volte a bordo, é uma ordem. Você não deve pensar em outra coisa. Você declarou o abandono do navio. Agora sou eu quem comanda. Volte a bordo! Entendido? Ouviu? Vá lá e entre em contato diretamente do navio. No local já há o meu socorro aéreo”.

Schettino: “Onde está o seu veículo de socorro?”

De Falco: “Ele está na proa. Vá para lá. Já há corpos, Schettino”.

Schettino: “Quantos?”

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De Falco: “Eu não sei.. Um com certeza, eu fui informado. É você que tem que me dizer quantos, caramba!!!”

Schettino: “Mas você se deu conta de que é noite e que aqui não vemos nada?”

De Falco: “O que você quer fazer, Schettino, voltar para casa? É noite, e por isso você quer voltar para casa? Volte para a proa do navio pela escada e me diga o que pode ser feito, quantas pessoas há lá, do que elas precisam. Agora!!”

Schettino: “Eu estarei com o segundo comandante” (no bote de socorro).

De Falco: “Voltem a bordo todos os dois. Você e seu segundo, voltem agora a bordo, entendido? “

Schettino: “Comandante, eu queria voltar a bordo, mas o outro bote aqui.. Há outros socorristas… Ele parou e está preso, eu chamei outros socorristas”.

De Falco: “Você está me dizendo isso há uma hora. Volte a bordo agora, Volte A B-O-R-D-O !! E me diga já quantas pessoas estão lá”.

Schettino: “Tudo bem, comandante”

De Falco: “Vá para lá imediatamente!!”

Na verdade, segundo a capitania, que indica que essa última conversa ocorreu à 01h46 (22h46 de Brasília), o comandante foi para um rochedo às 00h30, segundo testemunhas, não voltou mais a bordo para comandar as operações de resgate que prosseguiram até as 6h00 da manhã, de acordo com os bombeiros.

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