Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Greve de fome contra o fantasma do antigo regime no Egito

Por Da Redação
13 jun 2012, 22h34

Belén Delgado.

Cairo, 13 jun (EFE).- Por abominar o candidato presidencial Ahmed Shafiq, considerado o homem do ex-ditador Hosni Mubarak nas atuais eleições presidenciais do Egito, um grupo de manifestantes completou uma semana em greve de fome, apesar do sufocante calor no Cairo e da indiferença de muitos compatriotas.

Junto à entrada interditada da sede do Parlamento, no Cairo, uma dezena de ativistas entoa cânticos revolucionários à sombra de uma árvore, enquanto outros descansam em barracas.

Alguns deles permanecem há dias em greve de fome como medida de pressão contra a candidatura de Shafiq, embora bebam líquidos para suportar na rua as altas temperaturas.

A manifestante Iman el Sayed, dona de casa de 48 anos, refresca a cabeça com água e não resiste a fumar um charuto enquanto conversa com os transeuntes para explicar-lhes sua postura.

‘É ilógico fazer uma revolução para que alguém do antigo regime seja depois presidente do país’, ressalta Iman à Agência Efe. Ela exige a rápida aplicação da polêmica lei que proíbe os ex-altos funcionários de Mubarak participar da política, um assunto pendente por resolver no Tribunal Constitucional.

Continua após a publicidade

Segundo ela, cerca de 60 pessoas se somaram à greve de fome, embora a maioria mantenha a rotina de atividades normais e só vá às manifestações em frente ao Parlamento durante o pôr do sol.

‘Vou para casa a cada dois dias para me lavar. Pelas noites meu filho de 23 anos vem me fazer companhia’, diz Sayed, que confessa que em breve abandonará a greve para evitar complicações de saúde.

Na ambulância localizada em frente ao protesto, a enfermeira Suad Kamel lamenta que a ação dos manifestantes quase não tenha repercutido na opinião pública egípcia.

Em declarações à Efe, Suad destaca que, em apenas duas horas, teve de atender mais de 30 pessoas que apresentavam problemas cardíacos e de pressão baixa, enquanto três grevistas tiveram de ser hospitalizados. Ela afirma que não pôde conter as lágrimas quando viu os manifestantes rejeitarem tratamento à custa da próproa saúde.

Esse tipo de sacrifício não é entendido por muitos dos egípcios que se aproximam por curiosidade da área, isolada para evitar problemas de passagem.

Continua após a publicidade

É o caso do contador Rami Farouk, cristão copta. Em declarações à Efe, ele admite que votará em Shafiq, último primeiro-ministro de Mubarak, temendo que a vitória do outro candidato na disputa, o dirigente da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi, permita monopolizar o poder ao agrupamento islamita, majoritário no Parlamento.

‘A economia do Egito precisa se recuperar e as manifestações o estão impedindo. Por que não entraram em greve de fome antes que Shafiq passasse ao segundo turno?’, questiona Farouk, favorável a respeitar o resultado do pleito, previsto para os próximos dias 16 e 17.

Apesar das críticas, os ativistas persistem em suas reivindicações nesse ponto da rua Kasr al-Aini, que desemboca na praça Tahrir, símbolo dos protestos revolucionários do ano passado. Para isso, expuseram grandes caricaturas nas quais aparecem as faces de Mubarak e Shafiq.

Os lemas em memória aos mortos da revolução de 25 de Janeiro de 2011 se mesclam com outros que defendem a pressão: ‘Estamos em greve até que se aplique a lei’ e ‘Sim a passar fome, não a se ajoelhar’.

‘Foram 30 anos de escuridão que fizeram com que a maioria não compreenda o que fazemos’, exclama o jovem universitário Alaa el-Kasas, que decidiu não se unir à greve de fome em época de exames acadêmicos, mas que contribui para o protesto oferecendo café e chá aos que precisam. EFE

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.