Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Grécia: dívida e mal-estar popular derrubam governo socialista

Por Da Redação
14 dez 2011, 15h52

Andrés Mourenza.

Atenas, 14 dez (EFE).- Muita gente na Grécia lembrará 2011 como o ano em que a crise da dívida levou muitos dos seus postos de trabalho, incluindo o do primeiro-ministro, o socialista Giorgos Papandreou.

O líder do Partido Socialista Pan-helênico (Pasok), que chegou ao Governo em 2009 com o lema ‘Há dinheiro!’ só para perceber que a anterior administração conservadora havia deixado um imenso rombo nas contas públicas, se viu obrigado pelos credores da Grécia a impor impopulares medidas de austeridade.

Em setembro, o Governo anunciou que desde 2010 foram eliminados os postos de cerca de 200 mil funcionários públicos – a base das demissões de trabalhadores com contratos temporários e aposentadorias antecipadas -, enquanto outros 35 mil passaram à reserva.

Continua após a publicidade

Os demais perderam seus pagamentos extras e tiveram seus salários rebaixados em 15%, após uma primeira redução de 12% um ano antes. As pensões também foram cortadas entre 20% e 40%.

Além disso, foi elevado o IVA dos produtos básicos (2% mais) e a restauração (10% mais), o preço do transporte público (40% mais), as licenças de automóveis (20% mais) e as faturas de água, gás, eletricidade e telefone (entre 2% e 10% mais).

Também foram criados vários impostos de emergência: um solidário, que eleva o encargo das rendas entre 1% e 5%; outro sobre os imóveis, com tarifa de 4 a 12 euros por metro quadrado; e uma contribuição adicional anual de 300 euros para os autônomos.

Continua após a publicidade

Além disso, hospitais foram fechados e a despesa com Educação acabou reduzida para frear o déficit público.

Papandreou fez o apelo para que o país escolhesse entre ‘o caminho duro da mudança ou a catástrofe’, dando a entender que não restava outro remédio ao país que não aceitar os cortes.

Mas estas medidas não impediram o aumento do déficit, que rondará 9% no final deste ano, nem criaram confiança nos credores, mas empobreceram consideravelmente o país.

Continua após a publicidade

Cerca de 60 mil pequenos negócios fecharam e milhares de trabalhadores estão há meses sem cobrar seus salários devido às dificuldades econômicas que afetam suas empresas.

O desemprego superou 18% e também cresceu o número de pessoas que ficaram sem um lar.

Os sindicatos consideram que a conta caiu no colo de quem não tem culpa pela crise, e por isso convocaram sete greves gerais em 2011, dezenas de interrupções setoriais e centenas de protestos, algumas das quais culminaram em graves distúrbios.

Continua após a publicidade

Foi criado inclusive o movimento dos ‘indignados’, à semelhança do espanhol, que durante semanas ocupou a simbólica Praça Syntagma.

Em junho, perante os rumores de uma iminente quebra do país, Papandreou propôs a formação de um Governo de união nacional, o que o líder conservador Antonis Samaras rejeitou, exigindo a derrogação das medidas de austeridade.

Diante desse cenário, o primeiro-ministro socialista resolveu remodelar o Governo, deixando o Ministério das Finanças a cargo de seu principal rival dentro do Pasok, o até então ministro da Defesa, Evangelos Venizelos.

Continua após a publicidade

A maior surpresa chegou com o novo acordo de resgate pactuado com a União Europeia em 27 de outubro, quando o bloco concordou em fornecer à Grécia um novo empréstimo de 130 bilhões de euros e o perdão de 50% da dívida em mãos de entidades privadas, em troca de mais economia.

Então, perante o crescente descontentamento popular, o dirigente heleno anunciou a convocação de um referendo sobre o acordo com Bruxelas, algo que surpreendeu a UE e o seu próprio partido, que viveu uma verdadeira rebelião interna.

Finalmente, a pressão dos parceiros europeus fez com que a consulta fosse cancelada.

Porém, o destino de Papandreou estava selado e o líder apresentou sua renúncia após chegar a um acordo com a conservadora Nova Democracia e o ultradireitista LAOS para formar um Governo de unidade, dirigido pelo ex-vice-presidente do Banco Central Europeu Lucas Papademos.

O novo Executivo se apresentou como um Governo de transição que tem o objetivo de ratificar as medidas exigidas pela UE, como demonstrou com seu draconiano orçamento para 2012.

Segundo as pesquisas, 80% dos gregos consideram positiva a renúncia de Papandreu, e 70% apoiam um Governo de unidade. EFE

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.